Fábio Porchat, o humorista que criou o Porta dos Fundos

Um dos criadores de um dos maiores sucessos brasileiros na Internet, é adepto do Vasco da Gama e tem simpatia pela selecção portuguesa. Fábio Porchat vai voltar a Portugal com Fora do Normal.

Às segundas e quintas, Fábio Porchat muda de vida: pode ser jornalista, homem de negócios, candidato a cargo político, taxista, empregado de supermercado ou até personagem bíblica. Tudo por causa do Porta dos Fundos, colectivo criativo brasileiro que é um sucesso na Internet: em poucos minutos, os vídeos partilhados chegam a milhares de pessoas.

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Às segundas e quintas, Fábio Porchat muda de vida: pode ser jornalista, homem de negócios, candidato a cargo político, taxista, empregado de supermercado ou até personagem bíblica. Tudo por causa do Porta dos Fundos, colectivo criativo brasileiro que é um sucesso na Internet: em poucos minutos, os vídeos partilhados chegam a milhares de pessoas.

Para perceber o Porta dos Fundos é preciso recuar até 2002, quando um jovem de 18 anos passou um bilhete à produção do Programa do Jô a pedir para “fazer uma rápida apresentação” (vê vídeo ao lado). Jô Soares concordou e chamou Fábio Porchat, então um desconhecido estudante da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo, que estava a assistir ao programa. Fábio vestia uma camisola da selecção portuguesa, pela qual sempre teve “carinho” — o tio é português e tem uma casa em Cascais, onde o actor ficou já por várias vezes. “Tenho a certeza que deu muita sorte”, diz ao P3, em entrevista por e-mail.

Não passou despercebido e decidiu, ali mesmo, abandonar o curso de Administração para se dedicar à representação. Mudou-se para o Rio de Janeiro e formou-se como actor pela escola de teatro CAL, em 2005. Nos sete anos que se passaram até à criação do Porta dos Fundos, Fábio entrou para a Rede Globo e fez “stand-up comedy” — quase sempre de havaianas nos pés, o seu calçado favorito.

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O Porta dos Fundos já tem uma loja online, com t-shirts e um livro, entre outros objectos DR

“Nunca quis ser actor quando era criança”, conta ao P3. “Na verdade, eu nem me lembro o que queria ser. Mas, no momento em que decidi ser actor, já sabia que iria pelo lado da comédia. A televisão foi um caminho natural.” Trabalhou como argumentista em programas como “Zorra Total”, “Junto & Misturado” e “Esquenta!”, entre outros, até 2012.

“Estávamos cansados de tentar fazer em televisão um tipo de humor de que gostávamos muito e que as emissoras diziam que não era popular e que não daria audiência”, confessa o adepto do Vasco da Gama. Com Antonio Tabet (Kibe Louco), Gregório Duvivier, Ian SBF e João Vicente de Castro, optou por fazer esse humor na Internet “e ter total domínio sobre o projecto”.

Qualidade de TV, liberdade de Internet

Foram sete meses só a pensar no Porta dos Fundos e no tipo de conteúdo audiovisual que poderiam produzir, especificamente voltado para a web — “com qualidade de TV e liberdade editorial de Internet”, pode ler-se na descrição do projecto. Esta é a principal razão para que o projecto não passe da Internet para a televisão, apesar dos convites que Fábio e companhia já receberam e recusaram.

Começaram por ser dez as pessoas da equipa; hoje são 38, “com carteira assinada”, sublinha Fábio. Lançam dois “sketches” novos por semana, todas as segundas e quintas-feiras, às 11h, no canal do YouTube, na página de Facebook e no site, em simultâneo.

No primeiro ano de existência, a Porta dos Fundos tornou-se o canal brasileiro na Internet a atingir, mais rapidamente, a marca de um milhão de seguidores no site de partilha de vídeos (já vai em mais de seis milhões). No total, os mais de 150 vídeos realizados e partilhados tiveram quase 543 milhões de visualizações.

"Fora do Normal" em Portugal

Até agora, “Na Lata” foi o vídeo mais visto: lançado no início de 2013, tem mais de doze milhões de visualizações. Mas o favorito de Fábio, de 30 anos, é “Programa Político” (ver vídeo em cima), “porque é um vídeo simples, mas preciso, que, com pouco texto e a repetição, faz uma crítica e ainda faz rir”, justifica. O mais complicado de realizar foi os “Dez Mandamentos”, gravado em Cabo Frio.

Fábio cria e protagoniza muitas das pequenas histórias do colectivo, a partir de situações vividas no seu dia-a-dia. “Vivi de verdade muitos dos argumentos do Porta dos Fundos. O do taxista escrevi dentro de um táxi, a história aconteceu quase do jeito que o vídeo conta”, diz ao BANG Showbiz.

No prédio que o projecto ocupa no Rio de Janeiro, “não existe uma rotina”, assegura. Podem gravar, reunir por causa dos textos ou para decidir sobre produtos (a Porta dos Fundos já tem uma loja online, com t-shirts e um livro, entre outros objectos). Da família fazem ainda parte outros canais de vídeo: “Fundos da Porta”, dedicado a “bloopers”; “Portaria”, em que o elenco e a equipa respondem a comentários e perguntas dos espectadores; e “Backdoor”, com os “sketches” legendados em inglês.

Por realizar continua um “vídeo sobre Iemanjá”, revela ao P3. Provavelmente vai ter de esperar, porque o actor e argumentista está em digressão com o espectáculo “Fora do Normal”, de “stand-up comedy”. Vai regressar a Portugal em Dezembro, depois de ter participado no Festival do Humor, no Verão: a 5 no Teatro Sá da Bandeira, no Porto, e a 7 em Lisboa, no Coliseu dos Recreios.