Linha do Vouga tem troço de 25 quilómetros onde a velocidade máxima é de 10 km/hora
Situação caricata deve-se ao facto de o troço entre entre Oliveira de Azeméis e Sernada do Vouga ter sido muito danificado pela chuva e estar sem manutenção há décadas.
Esta limitação foi imposta pela Refer para salvaguardar a segurança da operação ferroviária, tendo em conta o mau estado da via, agravado pela chuva dos últimos dias que deteriorou a plataforma.
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Esta limitação foi imposta pela Refer para salvaguardar a segurança da operação ferroviária, tendo em conta o mau estado da via, agravado pela chuva dos últimos dias que deteriorou a plataforma.
A situação, porém, é mais caricata do que perigosa. E nem sequer provoca grandes transtornos, apesar de, naturalmente, os comboios se atrasarem. É que a velocidade máxima neste troço já era apenas – e há vários anos – de 30 Km/hora. Mais: nele só circulam dois comboios por dia em cada sentido. A Linha do Vouga liga Espinho a Aveiro pelo interior e serve Feira, São João da Madeira, Oliveira de Azeméis e Águeda. Este concelho tem comboios para Aveiro e os primeiros dispõem de uma oferta com alguma frequência para Espinho.
O troço central é um deserto em termos de mercado para a CP, porque a linha serpenteia por entre pequenas localidades, campos e eucaliptais. A CP mantém o serviço aberto, porque necessita diariamente de levar as automotora da sua frota de via estreita às oficinas de manutenção, que ficam em Sernada do Vouga (concelho de Águeda). E uma vez as composições têm de percorrer aqueles 25 quilómetros, a CP faz ali serviço comercial. O troço, porém, não é renovado há décadas. A Refer optou por investir na manutenção da via entre Espinho e Oliveira de Azeméis e entre Aveiro e Águeda. Assim, o serviço da CP foi-se mantendo por inércia, porque, recorrentemente, falava-se que a linha ia fechar, como acontecera à Linha do Dão, entre Sernada do Vouga e Viseu.
Em Novembro de 2011, anunciou-se o encerramento de toda a Linha do Vouga. A contestação de populações e autarcas travou essa intenção. O Governo foi sensível ao argumento de que aquela linha de via estreita tinha potencial de mercado, desde que modernizada. Mas a crise não permitiu qualquer investimento e obrigou a Refer a cortar nos custos de manutenção. A CP e a Refer prometem emitir hoje um comunicado conjunto sobre a situação, mas o PÚBLICO sabe que não há uma previsão para quando será resposta a velocidade “normal” de 30 Km/hora.
Entretanto, os portugueses ganham um programa alternativo para os fins-de-semana: dar uma volta no comboio mais lento de Portugal (e provavelmente da Europa), numa linha que até possui uma preciosidade da engenharia ferroviária – entre Sernada e Albergaria-a-Velha há um túnel helicoidal no qual o comboio faz uma curva que o leva a sair da montanha uns metros mais acima. De Oliveira de Azeméis a automotora parte às 10h30 e às 16h54 e de Sernada do Vouga às 6h09 e 14h52. Habitualmente os 25 quilómetros são percorridos em uma hora e seis minutos. Agora deve-se contar com cerca de três horas.