Cérebro dos primatas tem radar específico para serpentes
Estudo indica um grupo de neurónios responsável pela reacção rápida perante estes répteis.
A equipa da antropóloga Lynne Isbell, da Universidade da Califórnia em Davis, nos Estados Unidos, mediu a reacção de neurónios do sistema visual de dois macacos nascidos numa reserva no Japão perante imagens de serpentes e de outros objectos do seu ambiente. Em análise estavam os neurónios do núcleo pulvinar, uma parte do cérebro que desempenha um papel-chave na atenção visual e no processamento rápido de imagens ameaçadoras.
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A equipa da antropóloga Lynne Isbell, da Universidade da Califórnia em Davis, nos Estados Unidos, mediu a reacção de neurónios do sistema visual de dois macacos nascidos numa reserva no Japão perante imagens de serpentes e de outros objectos do seu ambiente. Em análise estavam os neurónios do núcleo pulvinar, uma parte do cérebro que desempenha um papel-chave na atenção visual e no processamento rápido de imagens ameaçadoras.
Mais concretamente, os cientistas testaram a resposta de 91 neurónios, através da implantação cirúrgica de microeléctrodos no núcleo pulvinar. Depois, mostraram aos macacos imagens num ecrã de computador, como serpentes em várias posições, rostos de outros macacos ou simples formas geométricas, como estrelas e quadrados. As imagens das serpentes desencadearam as reacções mais rápidas e as mais fortes de um grande número deste grupo de neurónios.
Para os autores, os resultados revelam a existência de um mecanismo neurobiológico que poderá explicar por que é que os primatas são dotados de uma grande sensibilidade visual para as serpentes, permitindo-lhes identificá-las rapidamente. O trabalho oferece novas provas de que os primatas desenvolveram habilidades e uma visão aguçada para sobreviverem às ameaças que as serpentes representam na selva. “Apoia o argumento de que as serpentes são muito importantes para a evolução dos primatas”, defendeu Lynne Isbell, citada pela agência AFP.
Em última análise, este tipo de trabalhos ajuda os cientistas a compreender melhor as pressões ambientais que moldaram o cérebro dos primatas ao longo da evolução.
O comentário de Susan Mineka, professora de psicologia clínica e primatóloga na Universidade Northwestern, nos EUA, sobre estes trabalhos é que os considera “fascinantes”. Não deixa de sublinhar, no entanto, que a equipa que fez o estudo não confirmou se os dois macacos nunca viram cobras na natureza antes desta experiência, o que, se aconteceu, enfraqueceria os resultados.