A Sexta de Bicicleta de Abel Baptista
“Chego em 20 minutos a São Bento, encontro-vos lá”. Este deputado na Assembleia da República vai para o trabalho vestido de fato e gravata, na sua bicicleta dobrável
Combinámos uma entrevista curta com Abel Baptista, deputado na Assembleia da República, para uns minutos antes de iniciar um seu dia normal de trabalho em São Bento. Avisou-nos, quando saiu do seu apartamento em Lisboa, junto ao Campo Pequeno, e apontou: “Chego em 20 minutos a São Bento, encontro-vos lá”. Numa manhã de trânsito caótico em Lisboa, duvidámos seriamente da estimativa mas Abel cumpriu a promessa de forma irrepreensível.
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Combinámos uma entrevista curta com Abel Baptista, deputado na Assembleia da República, para uns minutos antes de iniciar um seu dia normal de trabalho em São Bento. Avisou-nos, quando saiu do seu apartamento em Lisboa, junto ao Campo Pequeno, e apontou: “Chego em 20 minutos a São Bento, encontro-vos lá”. Numa manhã de trânsito caótico em Lisboa, duvidámos seriamente da estimativa mas Abel cumpriu a promessa de forma irrepreensível.
Vestido de fato e gravata, na sua bicicleta dobrável, vimo-lo passar distraído por nós a grande velocidade, descendo a Rua de São Bento, em claro contraste com o arranca-e-pára do restante trânsito automóvel, congestionado e fumarento. Numa autêntica perseguição a pedais, tivémos de acelerar para o encontrar já dentro do estacionamento subterrâneo do Parlamento, onde guardava a sua bicicleta entre os automóveis de tantos colegas.
Abel, jurista de 50 anos de Ponte de Lima, actualmente deputado em Lisboa, começou a andar de bicicleta por lazer. O uso da bicicleta como meio de transporte na cidade surgiu gradual e naturalmente, por ser mais rápido em comparação com o automóvel, dispensar ter de procurar estacionamento (“há sempre onde parar”) não ser poluente e por ser uma forma de fazer exercício, enquanto se desloca. O parlamentar diz-nos que, contrariamente ao que se imagina, a sua bicicleta não é a única na garagem de São Bento.
Inscreveu-se no Sexta de Bicicleta em Junho deste ano, apesar da sexta-feira ser o dia em que menos usa a bicicleta, pois esse é o dia em que se desloca de volta a Ponte de Lima, para o fim-de-semana. Compensa nos restantes dias da semana que passa na capital, onde a bicicleta é muitas vezes o meio mais competitivo que encontra para se deslocar.
O que muda na tua vida nas sextas-feiras em que levas a bicicleta contigo?
Nos dias em que levo a bicicleta desloco-me mais rapidamente e inicio o dia com mais "dinâmica".
Existem alguns mitos (sobre a utilização da bicicleta) que tenhas vencido?
Sim, desde logo o mito de que em Lisboa é muito difícil andar de bicicleta, porque é uma cidade com uma orografia muito acidentada. A cidade tem muitos percursos planos e as subidas não são tão difíceis como se pensa.
O que poderia melhorar nos percursos que realizas?
Criar vias destinadas ao uso exclusivo da bicicleta.
Um momento em que te sentes mesmo bem a andar de bicicleta...
Nas filas de trânsito automóvel.
Uma pessoa da praça pública que gostarias de ver a andar de bicicleta e porquê?
Nenhuma em particular. Acho que o meio de transporte que cada usa para se deslocar deve ser aquele que é mais adequado a cada situação em particular.
O que tens a dizer a quem diz que andar de bicicleta na sua cidade é impossível?
Que nunca diga nunca sem primeiro experimentar. É que se experimentar vai verificar que é possível e muito agradável.