Guião da reforma do Estado será aprovado na próxima quarta-feira
Ministros reúnem-se na próxima semana para aprovar o documento, com a presença de Passos. PS acusa Governo de "brincar" com os portugueses.
“O guião da reforma do Estado está em fase de conclusão, sendo para aprovar no próximo Conselho de Ministros, na presença do primeiro-ministro”, anunciou o ministro da Presidência, Luís Marques Guedes, no final da reunião desta quinta-feira. Pedro Passos Coelho não esteve no encontro, por se encontrar em Bruxelas para a reunião do Conselho Europeu, que decorre estas quinta e sexta-feiras.
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“O guião da reforma do Estado está em fase de conclusão, sendo para aprovar no próximo Conselho de Ministros, na presença do primeiro-ministro”, anunciou o ministro da Presidência, Luís Marques Guedes, no final da reunião desta quinta-feira. Pedro Passos Coelho não esteve no encontro, por se encontrar em Bruxelas para a reunião do Conselho Europeu, que decorre estas quinta e sexta-feiras.
O ministro rejeitou que a demora se deva a divisões no seio do executivo sobre o assunto. “Não há divisões dentro do Governo relativamente a esta matéria. O que tem havido é contributos da parte de todos os membros do Governo para a coordenação que tem vindo a ser feita pelo vice-primeiro-ministro relativamente ao documento que em definitivo será aprovado no próximo Conselho de Ministros.”
“Foi feita hoje a última ou penúltima discussão relativamente ao guião”, que ocupou boa parte do encontro ministerial, contou, referindo também que a intenção é que seja aprovado na próxima semana. Para isso, será antecipada a reunião do Conselho de Ministros de quinta-feira, dia 31, para o dia anterior. Esta antecipação decorre também do facto de o Orçamento do Estado ser debatido em plenário da Assembleia da República na quinta e sexta-feiras, tendo o Governo que marcar presença.
Luís Marques Guedes contornou todas as perguntas dos jornalistas sobre o conteúdo ou mesmo a natureza desse guião, remetendo os esclarecimentos para a próxima semana. Também rejeitou que tenha havido atrasos sucessivos ou que a passagem do assunto para a próxima semana seja um adiamento. O ministro usou o mesmo discurso de Passos Coelho, afirmando que a reforma do Estado “está em curso há dois anos, desde que este Governo entrou em funções”.
“Para Portugal sair da situação difícil em que está, tem que se reformar e reinventar em algumas áreas. Na área do Estado há uma reforma muito profunda a fazer. Há reformas que têm vindo a ser adiadas pelo menos ao longo das últimas duas décadas”, criticou Marques Guedes, lembrando que o Governo tem dito que esta é uma “tarefa para duas legislaturas”. Será, vincou, uma tarefa de “continuidade” e para a qual “todos os portugueses, numa perspectiva quer de interesse nacional, quer de estabilidade sobre os caminhos que o país tem que prosseguir, estão convocados”, apelou.
Luís Marques Guedes aproveitou para deixar algumas farpas. Lembrou que o Governo “se disponibilizou, quer junto das outras forças políticas, quer junto dos parceiros sociais, para receber contributos para essa reflexão e para a definição, em termos nacionais, daquilo que deve ser a reforma a implementar no Estado ao longo dos próximos anos”. O objectivo, vincou, é adequar-se o Estado “àquilo que os portugueses verdadeiramente entendem que ele deve ser, assim como os serviços que o Estado deve prestar e aquilo que os portugueses estão dispostos, através dos seus impostos, a pagar, para que o Estado os possa realizar”.
Ora, apesar dessa abertura do Governo, lamentou o ministro da Presidência, é “pena que não tenham sido dados contributos mais assertivos e mais positivos da parte de todos aqueles que foram convidados”.
PS diz que Governo "brinca" com os portugueses
Ao saber que o guião da reforma do Estado só será aprovado na próxima semana, o PS acusou o Governo de estar a "brincar com os portugueses" e de revelar "incompetência".
As críticas chegaram pela voz do vice-presidente da bancada, António Gameiro. “O que se passou nos últimos 28 meses demonstra bem a novela que se passou com a reforma do Estado - uma novela que se chama incompetência. Obrigar que os portugueses esperem e desesperem por todos os dias conseguirem sustentar a sua vida com dificuldade, e o primeiro-ministro [Pedro Passos Coelho] e os seus ministros anunciam todos os dias que vem aí a reforma do Estado, mas que agora é já só um guião para a reforma”, acusou, citado pela Lusa.
O tema da reforma do Estado foi levantado pelo Governo há um ano, com a justificação de que seria vital para o cumprimento do programa de ajustamento, prometendo que seria um processo rápido - cerca de três meses -, e insistindo no convite ao PS. Os socialistas sempre recusaram, acusando o Governo de querer, na verdade, acabar com o Estado social.
“Chegámos a Junho e a reforma do Estado já só era um guião. De adiamento em adiamento, na quarta-feira, o primeiro-ministro teve a veleidade de dizer aqui no Parlamento que hoje era analisado o guião para a reforma do Estado em Conselho de Ministros”, apontou o dirigente da bancada socialista. "Afinal, de forma completamente irresponsável, o guião da reforma do Estado não foi alvo de nenhuma aprovação ou análise profunda”, acrescentou.
“Andamos aqui numa novela só de incompetência. É inaceitável que neste Estado democrático se brinque com as funções do Estado, com os funcionários públicos e com a administração pública em geral. Era escusado fazer passar os portugueses por esta situação”, acrescentou o vice-presidente do grupo parlamentar do PS.
Notícia actualizada às 17h35: acrescenta a posição do PS.