Pela primeira vez, foi possível induzir o crescimento de novos cabelos na pele humana
O inédito método poderá abrir o caminho a tratamentos eficazes da calvície feminina.
Angela Christiano, da Universidade de Colúmbia (EUA), e os seus colegas utilizaram para isso papilas dérmicas, estruturas da pele que dão origem aos folículos do cabelo. A ideia de clonar folículos capilares a partir de papilas dérmicas já circula há várias décadas, mas, até agora, quando os cientistas tentavam fazê-lo, as papilas perdiam a sua capacidade de produzir folículos e regressavam ao estado de simples culturas de células da pele.
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Angela Christiano, da Universidade de Colúmbia (EUA), e os seus colegas utilizaram para isso papilas dérmicas, estruturas da pele que dão origem aos folículos do cabelo. A ideia de clonar folículos capilares a partir de papilas dérmicas já circula há várias décadas, mas, até agora, quando os cientistas tentavam fazê-lo, as papilas perdiam a sua capacidade de produzir folículos e regressavam ao estado de simples culturas de células da pele.
Contudo, Colin Jahoda, co-autor do estudo, já tinha conseguido há vários anos colher, multiplicar e transplantar de volta para a pele de roedores papilas dérmicas desses animais, explica um comunicado daquela universidade. E os cientistas suspeitavam desde então que isso tinha sido possível porque, ao contrário das papilas dérmicas humanas em cultura, as dos roedores têm tendência a formar agregados tridimensionais. Era, portanto, provável que, de alguma maneira, esses agregados fossem capazes de recriar o seu próprio ambiente extracelular, fazendo com que as papilas interagissem devidamente e emitissem os sinais necessários para reprogramar a pele e induzi-la a formar novos folículos.
“Isto fez-nos pensar que se cultivássemos as papilas dérmicas humanas de forma a incitá-las a formar agregados, tal como as dos roedores fazem espontaneamente, poderíamos criar as condições necessárias para induzir o crescimento de cabelo na pele humana”, explica a co-autora Claire Higgins, citada pelo mesmo comunicado.
Para testar esta hipótese, os cientistas cultivaram papilas dérmicas colhidas junto de sete dadores humanos. Passados uns dias, transplantaram essas papilas para um enxerto de pele humana previamente colocado no dorso de ratinhos de laboratório. Em cinco casos, os transplantes deram origem a um crescimento capilar “de raiz”, por assim dizer, que se prolongou durante pelo menos seis semanas. Através de análises genéticas, foi possível confirmar ainda que o ADN dos novos folículos era geneticamente idêntico ao dos respectivos dadores.
“Esta abordagem tem o potencial de transformar o tratamento médico da perda de cabelo”, diz, por seu lado, Angela Christiano. “Os tratamentos actuais tendem a travar a perda de folículos capilares ou a estimular o crescimento de cabelo já existente, mas não criam novos folículos. O nosso método tem, pelo contrário, o potencial de fazer crescer novos cabelos a partir das próprias células das pessoas.”
Isto poderá servir, em particular, para tratar a perda de cabelo nas mulheres. Cerca de 90% das mulheres que sofrem de perda de cabelo não são elegíveis para a técnicas de cirurgia de transplantação capilar, uma vez que não existe cabelo suficiente para redistribuir pelo couro cabeludo, explica ainda a investigadora. “Agora, este método dá-nos a possibilidade de induzir grandes quantidades de folículos – ou de rejuvenescer os que já existem – a partir de células provenientes de apenas umas centenas de cabelos, o que pode tornar a transplantação capilar acessível não só a estas mulheres, mas também aos grandes queimados.”
Embora sejam precisos mais estudos para confirmar estes resultados, os cientistas acreditam na possibilidade de dar início a ensaios clínicos do novo método num futuro próximo.