Juncker venceu eleições antecipadas e deve liderar próximo Governo do Luxemburgo

Resultados quase definitivos atribuem 23 dos 60 lugares do Parlamento ao decano dos governantes europeus. Socialistas e liberais deverão eleger 13 deputados cada.

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Juncker saudado por apoiantes, depois de divulgados os resultados GEORGES GOBET/AFP

Os resultados quase definitivos indicam que o Partido Cristão-Social (CSV), de Juncker, obteve 33,6%, contra 38% em 2009. É o seu  pior resultado desde 1999, mas garante-lhe 23 dos 60 lugares do parlamento, menos três do que na anterior legislatura.

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Os resultados quase definitivos indicam que o Partido Cristão-Social (CSV), de Juncker, obteve 33,6%, contra 38% em 2009. É o seu  pior resultado desde 1999, mas garante-lhe 23 dos 60 lugares do parlamento, menos três do que na anterior legislatura.

Desde o final da II Guerra Mundial, os cristãos-sociais só não lideraram o Governo durante cinco anos.

O partido de oposição liberal DP, do presidente da câmara da Cidade do Luxemburgo, Xavier Bettel, aumentou a sua votação em 3,2 pontos percentuais e deverá ficar com 18,2%. É o único dos principais partidos a melhorar a sua representação e aproximou-se dos socialistas do LSAP, que integram a coligação cessante e terão conseguido 20,3% (-1,3 pontos percentuais). Liberais e socialistas deverão eleger 13 deputados cada.

Juncker, 59 anos, decano dos governantes europeus, deverá ser encarregada pelo grão-duque Henri de formar Governo. “Reivindicamos prioridade na formação do próximo Governo”, disse, domingo à noite, na sede de seu partido. O líder do CSV descreveu como “impressionante” a distância entre o seu partido e os restantes.

Os resultados permitem admitir diversos cenários. Uma aliança entre os cristãos-sociais de Juncker e os liberais de Bettel reuniria o partido mais votado e o que mais progrediu nas preferências dos eleitores, repetindo uma situação vivida entre 1999 e 2004.

Esse é o cenário mais provável, na opinião de Philippe Poirier, professor de ciência política da Universidade do Luxemburgo. “Acredito que Juncker será o primeiro-ministro, num Governo com os liberais”, disse, citado pela Reuters.

Xavier Bettel, 40 anos, que governa a capital do grão-ducado em coligação com os ecologistas, considera que os liberais – que aumentam em quatro o número de deputados – receberam “um mandado para entrar num Governo ou para formar um Governo”.

Só que, recorda a AFP, Juncker não guarda boas recordações da anterior experiência com os liberais e pode tentar um acordo com os socialistas, apesar de ter sido a retirada de apoio destes a levar à antecipação, em sete meses das eleições. Este tipo de entendimento tem sido o mais comum na sua governação.

A ruptura entre os socialistas e Juncker, que governavam juntos desde 2004, ocorreu em Julho. Alinhados com a oposição, os seus aliados responsabilizaram politicamente o chefe do Governo por não ter travado abusos dos serviços secretos.

Outro cenário capaz de viabilizar uma maioria seria a improvável passagem dos cristãos-sociais à oposição e a formação de um Governo composto por liberais, socialistas e ecologistas, que lhe garantiria o apoio de 32 deputados.

“Se for possível dar forma, a três, a verdadeiras reformas para modernizar e dar um novo impulso, então, sim, sou favorável a uma coligação a três”, afirmou durante a campanha o líder socialista Etienne Schneider, 42 anos.

O Luxemburgo, onde 13% da população é portuguesa, continua a ser um dos países mais ricos do mundo, embora o desemprego tenha aumentado para 7% e o endividamento tenha triplicado em 15 anos.  Em 2015, perderá o sigilo bancário e terá que buscar um novo modelo económico para continuar a ser um centro financeiro atractivo.