Grand Central

Há duas coisas extremamente intrigantes no segundo filme da francesa Rebecca Zlotowski. Uma é a sensação da realizadora, igualmente argumentista, ter querido fazer um “filme de homens” herdado do cinema clássico americano com esta história ambientada entre um grupo de operários que arriscam a vida a fazer os “trabalhos sujos” de uma central nuclear, retratando a camaradagem e a amizade através dos olhos de um novo “recruta” (Tahar Rahim). A segunda deriva da anterior: é o modo como Zlotowski desenvolve o que acontece quando uma mulher vem afectar o equilíbrio do grupo para uma história de amour fou literalmente radioactivo - aqui, essa mulher é Léa Seydoux, noiva de um dos operários, por quem o recém-chegado se perde de paixão, arriscando a catástrofe a cada momento. Mas a realizadora acaba por ficar sempre aquém do que Grand Central sugere - desenha bem os ambientes, dispõe com eficácia as peças, dá corda ao excelente elenco (atenção ao grande Olivier Gourmet, o mais próximo que o cinema francófono tem de um Warren Oates dos bons velhos tempos), mas depois fica ali a rodar em seco, como que hipnotizada pelo dispositivo ao ponto de descurar a narrativa. É pena, porque ainda assim há muito para recomendar Grand Central, a começar pelo tom urgente de filme “à beira do fim”, à beira de se desintegrar em qualquer altura.

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Há duas coisas extremamente intrigantes no segundo filme da francesa Rebecca Zlotowski. Uma é a sensação da realizadora, igualmente argumentista, ter querido fazer um “filme de homens” herdado do cinema clássico americano com esta história ambientada entre um grupo de operários que arriscam a vida a fazer os “trabalhos sujos” de uma central nuclear, retratando a camaradagem e a amizade através dos olhos de um novo “recruta” (Tahar Rahim). A segunda deriva da anterior: é o modo como Zlotowski desenvolve o que acontece quando uma mulher vem afectar o equilíbrio do grupo para uma história de amour fou literalmente radioactivo - aqui, essa mulher é Léa Seydoux, noiva de um dos operários, por quem o recém-chegado se perde de paixão, arriscando a catástrofe a cada momento. Mas a realizadora acaba por ficar sempre aquém do que Grand Central sugere - desenha bem os ambientes, dispõe com eficácia as peças, dá corda ao excelente elenco (atenção ao grande Olivier Gourmet, o mais próximo que o cinema francófono tem de um Warren Oates dos bons velhos tempos), mas depois fica ali a rodar em seco, como que hipnotizada pelo dispositivo ao ponto de descurar a narrativa. É pena, porque ainda assim há muito para recomendar Grand Central, a começar pelo tom urgente de filme “à beira do fim”, à beira de se desintegrar em qualquer altura.