Alegados achados arqueológicos na ilha Terceira não são anteriores ao povoamento português
A conclusão é da comissão multidisciplinar que durante esta semana analisou as alegadas descobertas de vestígios de um povoamento do arquipélago anterior ao português.
“Em termos histórico-arqueológicos, nenhuma das construções observadas nos diferentes locais visitados evidencia uma datação anterior ao povoamento quatrocentista dos Açores”, frisou, este sábado, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo, o arqueólogo Cláudio Torres, presidente da comissão.
O grupo de 13 especialistas de arqueologia, história e geologia visitou durante uma semana zonas identificadas por outros cientistas como potenciais achados arqueológicos no Monte Brasil e na Grota do Medo, na ilha Terceira, tendo ainda observado as curraletas da Mata da Serreta, as relheiras de São Brás e a costa das Quatro Ribeiras, na mesma ilha.
Cláudio Torres salientou que o trabalho dos especialistas não foi um “estudo exaustivo nem definitivo”, admitindo que possam haver “opiniões diferentes”, mas reforçou que o relatório apresentado ao Governo foi “unânime” e que não houve dúvidas.
Do ponto de vista geológico, as estruturas da Grota do Medo são explicadas, segundo o presidente da comissão, por um “processo natural primário ou secundário” e, do ponto de vista histórico-arqueológico, “não foram observados quaisquer indícios de pré-existências às construções anteriormente referenciadas”.
De acordo com Cláudio Torres, as estruturas encontradas no Monte Brasil tinham funcionalidades de natureza militar, dos séculos XVI e XX, enquanto os da Quinta da Pateira, na Grota do Medo, tinham usos lúdicos, no século XIX, tendo a área envolvente sido também utilizada como local de extracção de pedra por métodos tradicionais.
A comissão entendeu que “não é adequada, nem aconselhável, uma abordagem de natureza arqueológica que recorra a métodos de diagnóstico intrusivo para estabelecer datação das ocorrências identificadas”.
No entanto, reconheceu a importância patrimonial do sítio identificado na Grota do Medo, recomendando que os objectos sejam “protegidos, designadamente através de uma eventual classificação”.
O secretário regional da Educação, Ciência e Cultura, Luiz Fagundes Duarte, anunciou que o Governo Regional “vai abrir o processo de classificação daqueles objectos e daqueles locais, nos termos da lei de bases do património cultural e da legislação regional sobre a matéria”.
“Não faz sentido investir dinheiros públicos em eventuais escavações até porque a comissão recomenda que isso não seja feito”, frisou, em declarações aos jornalistas, admitindo, no entanto, a possibilidade de abrir um “espaço de investigação científica” para bolseiros de doutoramento, nas áreas da história e da arqueologia.
Os cientistas que identificaram os alegados achados históricos não foram ouvidos pela comissão, segundo Cláudio Torres, porque os especialistas receberam uma “compilação exaustiva de todas as informações técnicas, pareceres, requerimentos e recortes de imprensa” sobre esta matéria.
Para Luiz Fagundes Duarte, “essas pessoas foram ouvidas e serão ouvidas sempre que necessário”, nomeadamente no âmbito do processo de classificação da Quinta da Pateira.
O secretário regional acrescentou que as pessoas que identificaram os locais não integraram a comissão porque não eram formados nas três áreas de investigadores escolhidas, história, arqueologia e geologia.
“Isto é uma comissão científica, não é uma comissão de amadores”, adiantou, salientando, no entanto, que “a comissão funcionou em total independência, sem qualquer interferência em qualquer sentido do Governo”.
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“Em termos histórico-arqueológicos, nenhuma das construções observadas nos diferentes locais visitados evidencia uma datação anterior ao povoamento quatrocentista dos Açores”, frisou, este sábado, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo, o arqueólogo Cláudio Torres, presidente da comissão.
O grupo de 13 especialistas de arqueologia, história e geologia visitou durante uma semana zonas identificadas por outros cientistas como potenciais achados arqueológicos no Monte Brasil e na Grota do Medo, na ilha Terceira, tendo ainda observado as curraletas da Mata da Serreta, as relheiras de São Brás e a costa das Quatro Ribeiras, na mesma ilha.
Cláudio Torres salientou que o trabalho dos especialistas não foi um “estudo exaustivo nem definitivo”, admitindo que possam haver “opiniões diferentes”, mas reforçou que o relatório apresentado ao Governo foi “unânime” e que não houve dúvidas.
Do ponto de vista geológico, as estruturas da Grota do Medo são explicadas, segundo o presidente da comissão, por um “processo natural primário ou secundário” e, do ponto de vista histórico-arqueológico, “não foram observados quaisquer indícios de pré-existências às construções anteriormente referenciadas”.
De acordo com Cláudio Torres, as estruturas encontradas no Monte Brasil tinham funcionalidades de natureza militar, dos séculos XVI e XX, enquanto os da Quinta da Pateira, na Grota do Medo, tinham usos lúdicos, no século XIX, tendo a área envolvente sido também utilizada como local de extracção de pedra por métodos tradicionais.
A comissão entendeu que “não é adequada, nem aconselhável, uma abordagem de natureza arqueológica que recorra a métodos de diagnóstico intrusivo para estabelecer datação das ocorrências identificadas”.
No entanto, reconheceu a importância patrimonial do sítio identificado na Grota do Medo, recomendando que os objectos sejam “protegidos, designadamente através de uma eventual classificação”.
O secretário regional da Educação, Ciência e Cultura, Luiz Fagundes Duarte, anunciou que o Governo Regional “vai abrir o processo de classificação daqueles objectos e daqueles locais, nos termos da lei de bases do património cultural e da legislação regional sobre a matéria”.
“Não faz sentido investir dinheiros públicos em eventuais escavações até porque a comissão recomenda que isso não seja feito”, frisou, em declarações aos jornalistas, admitindo, no entanto, a possibilidade de abrir um “espaço de investigação científica” para bolseiros de doutoramento, nas áreas da história e da arqueologia.
Os cientistas que identificaram os alegados achados históricos não foram ouvidos pela comissão, segundo Cláudio Torres, porque os especialistas receberam uma “compilação exaustiva de todas as informações técnicas, pareceres, requerimentos e recortes de imprensa” sobre esta matéria.
Para Luiz Fagundes Duarte, “essas pessoas foram ouvidas e serão ouvidas sempre que necessário”, nomeadamente no âmbito do processo de classificação da Quinta da Pateira.
O secretário regional acrescentou que as pessoas que identificaram os locais não integraram a comissão porque não eram formados nas três áreas de investigadores escolhidas, história, arqueologia e geologia.
“Isto é uma comissão científica, não é uma comissão de amadores”, adiantou, salientando, no entanto, que “a comissão funcionou em total independência, sem qualquer interferência em qualquer sentido do Governo”.