Deputados do Aurora Dourada perdem imunidade e podem ser acusados
Seis deputados do partido neonazi grego Aurora Dourada viram ser-lhes levantada a imunidade parlamentar, podendo agora ser formalmente acusados pelas ligações ao homicídio do rapper de esquerda Pavlos Fyssas.
No centro do debate está a ligação dos deputados ao homicídio do músico antifascista Pavlos Fyssas, em Setembro. Três dos parlamentares já tinham sido indiciados por pertencer a uma organização criminosa, mas agora também vão responder por outros delitos violentos relacionados com o partido.
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No centro do debate está a ligação dos deputados ao homicídio do músico antifascista Pavlos Fyssas, em Setembro. Três dos parlamentares já tinham sido indiciados por pertencer a uma organização criminosa, mas agora também vão responder por outros delitos violentos relacionados com o partido.
No início da sessão parlamentar, o porta-voz do Aurora Dourada, Ilias Kassadiaris, que também ficou sem imunidade parlamentar, denunciava “um complot contra o [seu] partido, uma tentativa de demolir a Constituição” e anunciou a abstenção do grupo parlamentar. Os deputados do Aurora Dourada abandonaram, de seguida, o hemiciclo.
O levantamento da imunidade dos seis deputados teve o voto favorável de mais de dois terços dos deputados, num total de 300.
Os deputados do Aurora Dourada que viram a sua imunidade ser levantada são George Germenis, Efstathios Boukouras, Panagiotis Iliopoulos, Ilias Kassidiaris, Ilias Panagiotaros e Chrysovalantis Alexopoulos. Deste grupo, três foram já indiciados pelos investigadores do homicídio de Fyssas e chegaram a estar detidos, tendo sido entretanto libertados condicionalmente. Na prisão de alta segurança de Korydallos, em Atenas, estão o líder do partido, Nikos Michaloliakos, o número dois, Christos Pappas, e o deputado Yiannis Lagos. Ontem, os detidos viram-lhes negada a possibilidade de saírem sob fiança para assistir à sessão parlamentar.
O levantamento da imunidade dos deputados foi requerido pelo Supremo Tribunal, que está a dirigir o inquérito sobre a morte de Pavlos Fyssas. Esta medida é necessária para que a procuradoria possa aceder a certas informações sobre os deputados, vitais para o desenvolvimento da investigação. Mesmo sem imunidade, os seis deputados do Aurora Dourada podem continuar a comparecer no hemiciclo, mas não podem tomar parte nas comissões parlamentares. Para os deputados sob custódia, este procedimento não se aplica, dado que os indícios de que participaram em actividades ilegais são mais fortes.
As autoridades gregas iniciaram uma série de buscas a edifícios ligados ao Aurora Dourada. Numa delas, a polícia encontrou 20 metralhadoras e 60 facas numa mansão em Voula, no Sul do país. A habitação pertence a um armador ligado ao partido de extrema-direita, acusado de branqueamento de capitais, e actualmente em fuga.
Uma proposta de lei que suspenda o financiamento dos partidos cujos líderes e deputados sejam acusados de actividades criminais vai ser votada na quinta-feira. O diploma deverá reunir o apoio dos partidos do Governo (Nova Democracia, Pasok e Dimar) e da coligação de extrema-esquerda Syriza, na oposição.
O apoio dos gregos ao Aurora Dourada está a diminuir, fruto das detenções dos líderes e do homicídio de Pavlos Fyssas por um militante. De acordo com uma sondagem da GPO, o partido neonazi teria apenas 7,8% dos votos, quando um mês antes da morte do músico atingia o dobro das intenções de voto. Outro estudo revela uma descida de 10,8% para 7,2% no último mês.
O Aurora Dourada capitalizou com o descontentamento generalizado do eleitorado grego, que culpa o establishment político, dominado desde 1975 pelos socialistas do Pasok e pelos conservadores do Nova Democracia, pela grave crise económica que o país enfrenta há mais de três anos. Ancorado num discurso fortemente xenófobo e recorrendo a métodos intimidatórios contra os seus opositores, o Aurora Dourada teve uma votação sem precedentes nas eleições do ano passado, conseguindo eleger 18 deputados.