Os mais velhos dizem-nos, não raras vezes, que os anos nos trazem sabedoria. Tendo a não concordar totalmente com eles, mas de vez em quando lá há que lhes dar razão. Os anos que passam colocam-nos em perspectiva, transformam-nos os entendimentos e oferecem-nos toda uma nova imagem daquele caminho que já percorremos e daqueloutro que ainda está diante dos nossos pés.

Os mais velhos dizem-nos, não raras vezes, que os anos nos trazem sabedoria. Tendo a não concordar totalmente com eles, mas de vez em quando lá há que lhes dar razão. Os anos que passam colocam-nos em perspectiva, transformam-nos os entendimentos e oferecem-nos toda uma nova imagem daquele caminho que já percorremos e daqueloutro que ainda está diante dos nossos pés.

Dez anos é muita fruta. Se cada um de nós reflectir sobre o que fez na passada década, encherá facilmente uma lista de meia dúzia de páginas. Tanta memória e, ao mesmo tempo, tanta saudade. Ainda assim, dois mil e três está mesmo ali atrás. Valha o cliché: parece que foi ontem. Por isso, pouco muda em dez anos, ainda que achemos o contrário.

Ao bom estilo norte-americano, resolveu-se, entre amigos de outrora, organizar um daqueles jantares à la “Ponto de Encontro”. Malta que não se via há dez anos juntou-se de novo. E, pasmem-se!, estamos todos na mesma. Por fora pode haver mais dois ou três quilos, quatro ou cinco rugas e sete ou oito cabelos a menos. Mas por dentro, todos iguaizinhos. E bastam três dedos de conversa para uma grande epifania: descobrimos que, afinal, os amigos de outrora continuam a ser amigos de hoje.

A única diferença são os contextos, que mudaram. Cada vida seguiu seu caminho. Os solteiros olham para os casados com aquela imagem de quem pensa “chiça, ando eu para aqui a brincar aos jovens empregados que ainda mora com os pais e estes cavalheiros já aqui de vida feita”. Os casados, por seu lado, olham para os solteiros com aquele ar de “boa vidinha, sim senhores! Quem me dera andar assim de asa solta”. O único pensamento em comum, que, aliás, se partilha de sorriso bem aberto e de copo erguido, é o de que “estamos velhos”.

Do alto da minha presunção, tenho uma sugestão a fazer. Aproveitem-se as qualidades "facebookianas" e marquem-se encontros com aqueles de quem a vida nos separou. A experiência é deliciosa. Chamem-me saudosista, mas reviver os dias adolescentes numa noite de copos entre amigos que achávamos que já tinham sido despromovidos à categoria de quase-estranhos é uma daquelas experiências capazes de arribar a alma a qualquer um.

Resta-me agradecer-lhes, aos amigos. Àqueles amigos que mostram que tempo e distância não matam sentimentos, que a leveza de um diálogo é a mesma de há uma década. Eu agradeço aos meus. Andreia H. Andreia S., Bruno M, Bruno F., Diane, Samuel, Filipe, Ricardo, Raquel, André: obrigado. Agradeçam vós, pois, também aos vossos.