Republicanos e democratas ainda sem acordo nos EUA a três dias do limite
Discussões no Senado têm sido "substantivas" e há "optimismo", mas ainda não existe acordo. Governo dos EUA pode entrar em incumprimento a partir de quinta-feira.
A apenas três dias de uma possível entrada em incumprimento do pagamento das dívidas – o que aconteceria pela primeira vez na História dos EUA –, apenas se sabe que as conversas entre o líder da maioria no Senado, o democrata Harry Reid, e o líder da minoria, o republicano Mitch CcConnell, terão sido “substantivas” e que ambos estão "optimistas".
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A apenas três dias de uma possível entrada em incumprimento do pagamento das dívidas – o que aconteceria pela primeira vez na História dos EUA –, apenas se sabe que as conversas entre o líder da maioria no Senado, o democrata Harry Reid, e o líder da minoria, o republicano Mitch CcConnell, terão sido “substantivas” e que ambos estão "optimistas".
A questão agora é saber se todo o Congresso – Câmara dos Representantes e Senado – tem tempo para chegar a um acordo e, mais importante do que isso, se esse acordo poderá passar sem a forte oposição da ala mais conservadora do Partido Republicano.
Depois de as negociações entre o speaker da Câmara dos Representantes, o republicano John Boehner, e o Presidente dos EUA, Barack Obama, terem falhado, foi o Senado a assumir a tarefa de desenhar um compromisso que permita reabrir os serviços encerrados do Governo federal e aumentar o limite da capacidade de endividamento dos EUA, a que se chega no dia 17 de Outubro.
A intransigência inicial dos republicanos na Câmara dos Representantes – ligar ambas as decisões ao fim ou ao adiamento do programa para a cobertura obrigatória da população com seguros de saúde, conhecido como Obamacare – já saiu de cima da mesa. Mas mantêm-se divergências difíceis de resolver: os republicanos aceitam que o Governo federal volte a funcionar normalmente e que o limite da dívida seja aumentado, mas por um período de tempo inferior ao que é pretendido pelos democratas do Senado e pela Casa Branca. Durante esse período, é consensual que os dois partidos devem discutir assuntos de longo prazo, como novas políticas para limitar o aumento do décife nos próximos anos.
Com um índice de aprovação historicamente baixo nas sondagens, o Partido Republicano tem sido visto como o principal culpado da actual crise política, que se agravou com o shutdown iniciado a 1 de Outubro. Mas agora os republicanos dão mostras de quererem virar o feitiço contra o feiticeiro, tentando colar o Partido Democrata à imagem do vencedor que continua a querer esmurrar o adversário quando este já está caído.
"Os democratas continuam a alterar os seus objectivos. As decisões no interior do grupo do Partido Democrata estão sempre a mudar", acusou a senadora Susan Collins, autora do rascunho que serviu de base à actual negociação no Senado.
Mas o aviso mais importante foi lançado pelo senador republicano John McCain, no programa Face the Nation, da CBS. "Os democratas têm de perceber uma coisa: cá se fazem, cá se pagam", disse McCain, antes de alertar contra uma possível "humilhação" do Partido Republicano: "Se eles tentarem humilhar os republicanos, as coisas mudam na política americana."
Tea Party manifesta-se em frente à Casa Branca
No domingo, um grupo de republicanos da ala mais radical do partido, liderados pelo senador Ted Cruz e por Sarah Palin, candidata à vice-presidência do EUA em 2008, manifestou-se em frente ao memorial da Segunda Guerra Mundial, em Washington.
Num discurso perante um grupo de veteranos de guerra, Cruz – um dos mais destacados membros do movimento Tea Party e instigador da intransigência do Partido Republicano na Câmara dos Representantes – acusou Barack Obama de ter ameaçado vetar a reabertura do memorial, que foi encerrado devido à paralisação do Governo federal.
Depois de terem derrubado algumas das barricadas que impedem o acesso ao memorial, os manifestantes foram impedidos pela polícia de intervenção de se aproximarem da vedação da Casa Branca.
O senador republicano Lindsey Graham – que sempre criticou a estratégia da ala mais radical do partido – resumiu em poucas palavras o maior obstáculo ao fim da crise política, quando faltam apenas três dias para os EUA evitarem uma crise económica que pode afectar o resto do mundo. "O que me preocupa é isto: que o Senado faça um acordo que a maioria dos republicanos não possa aprovar na Câmara dos Representantes", disse Graham no programa This Week, da estação ABC.