A “maioria silenciosa” sai hoje às ruas de Barcelona

Opositores à independência da Catalunha organizam marcha a favor da unidade espanhola. Manifestação marcada pela extrema-direita foi cancelada pelas forças de segurança.

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Os independentistas saíram à rua em Setembro. Agora é a vez dos opositores à independência Albert Gea/Reuters

Na Calle Aragón começa a “Manifestação Cidadã pela Unidade de Espanha”, uma marcha que pretende juntar os catalães que se opõem à independência da região, baptizados de “maioria silenciosa”, sob o lema Som Catalunya, Somos España (Somos Catalunha, Somos Espanha). Ao mesmo tempo, grupos de extrema-direita planeiam marchar sobre a cidade, num evento em que tradicionalmente participam, com o mote de “reivindicar a ‘espanholidade’ da Catalunha e defender a unidade de Espanha frente ao separatismo”.

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Na Calle Aragón começa a “Manifestação Cidadã pela Unidade de Espanha”, uma marcha que pretende juntar os catalães que se opõem à independência da região, baptizados de “maioria silenciosa”, sob o lema Som Catalunya, Somos España (Somos Catalunha, Somos Espanha). Ao mesmo tempo, grupos de extrema-direita planeiam marchar sobre a cidade, num evento em que tradicionalmente participam, com o mote de “reivindicar a ‘espanholidade’ da Catalunha e defender a unidade de Espanha frente ao separatismo”.

As autoridades catalãs já anunciaram o cancelamento da marcha convocada pelos grupos de extrema-direita, mas isso poderá não ser suficiente para a impedir. “É preciso estar atento. Pode haver distúrbios, mas amanhã creio que não”, considera Arcadi Espada, jornalista do El Mundo, contactado pelo PÚBLICO. O presidente do Movimento Cívico 12-O, Ángel Guardia, afirma que “se participarem grupos de falangistas, desde que não exibam símbolos partidários, não haverá problemas”.

De acordo com Guardia, no ano passado, a marcha que o seu movimento organizou juntou 60 mil pessoas e, este ano, espera superar esse número. “Defendemos e exigimos o direito ao cumprimento da Constituição e ao cumprimento das leis e, como consequência, o direito de todos os espanhóis a decidir sobre a soberania do povo espanhol inteiro”, explica o activista. Define a sua plataforma como “agrupações de autodefesa e de defesa democrática”.

Para quem analisa a Catalunha, a ideia mais acentuada é a de divisão. Arcadi Espada considera que a manifestação de hoje “vai demonstrar que a Catalunha está fracturada”. O director da edição de Madrid do La Vanguardia, Enric Juliana, adverte que “a sociedade [catalã] não está dividida em dois blocos”. “Há matizes distintos dentro dos ‘catalanistas’”, observa, e serve-se de uma sondagem que mostra que 30% dos catalães estão a favor da consulta, mas não se dizem independentistas. O jornalista não considera que a manifestação vá “medir a amplitude de apoio à não independência”. “Quem está contra pode não estar radicalmente contra”, e por isso não se manifesta, sustenta.

A maioria e as bruxas
É contra um processo “intolerante, excludente, xenófobo e racista e com propostas totalitárias e imperialistas ‘de povo eleito’”, que Ángel Guardia se vai manifestar. As sondagens que indicam uma maioria a favor da independência não lhe merecem crédito. “Acreditamos que ainda somos a maioria, os que estamos contra o separatismo e contra o que está representado no Parlamento da Catalunha”, defende. O catalão considera que “se criaram condicionantes que generalizaram o desamparo e, consequentemente, o medo de se manifestar em público”.

Uma metáfora sugestiva é dada por Arcadi Espada, do El Mundo. “Na Idade Média, a maioria também acreditava em bruxas”, ironiza. “O nacionalismo é uma ideia maioritária e contagiosa, mas não quer dizer que tenha razão”, defende.

O desfecho da questão catalã é reservado talvez para as bruxas, pois ninguém se atreve a apontar um caminho provável. Um referendo, “bem explicado e informado e com perguntas claras, não ganharia”, prevê Ángel Guardia. O grande confronto, para Arcadi Espada, não é entre Artur Mas, presidente da Generalitat, e Mariano Rajoy, presidente do Governo espanhol, como se poderia prever. “Mas vai encontrar-se com a lei e este será um problema entre Mas e a lei”, defende o jornalista.

Entretanto, à “maioria silenciosa” resta sair à rua e tentar lutar contra a onda independentista que invade a Catalunha.