CGTP insiste que riscos apontados pela PSP sobre manifestação na ponte têm solução
Autarca de Lisboa apela ao ministro da Administração Interna que reúna com todas as entidades envolvidas na organização do protesto.
A CGTP não teve ainda acesso ao parecer negativo da PSP, mas o jornal Sol, na edição desta sexta-feira, aponta os sete riscos identificados pela polícia: quedas ou acidentes individuais e colectivos, pânico caso haja algum incidente no meio do tabuleiro (como lançamento de petardos) gerado por elementos não controlados pela organização, electrocução nas catenárias do tabuleiro ferroviário inferior, dificuldade nas operações de socorro, número não identificado de participantes, ausência de seguros e o impacto para terceiros devido ao alargado período em que é preciso cortar a circulação.
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A CGTP não teve ainda acesso ao parecer negativo da PSP, mas o jornal Sol, na edição desta sexta-feira, aponta os sete riscos identificados pela polícia: quedas ou acidentes individuais e colectivos, pânico caso haja algum incidente no meio do tabuleiro (como lançamento de petardos) gerado por elementos não controlados pela organização, electrocução nas catenárias do tabuleiro ferroviário inferior, dificuldade nas operações de socorro, número não identificado de participantes, ausência de seguros e o impacto para terceiros devido ao alargado período em que é preciso cortar a circulação.
“É claro que há pontos críticos mas nós já propusemos publicamente as alternativas”, diz Arménio Carlos ao PÚBLICO. Por exemplo, deixar livres uma via lateral em cada sentido para que as viaturas de socorro possam circular sem preocupações. Para evitar que os manifestantes tivessem acesso ao tabuleiro ferroviário bastaria, diz o sindicalista, colocar polícias em cada um dos acessos. “Não é possível encontrar 34 polícias em Lisboa para fazer isso?”, questiona.
Sobre o número indeterminado de participantes, Arménio Carlos considera que esta é uma falsa questão e compara, mais uma vez, com a meia maratona. “Todos sabem que muitas centenas ou milhares de pessoas se juntam na zona da partida [Largo da Portagem] sem estarem inscritas e desfilam tranquilamente. Temos camaradas nossos que já fizeram isso.”
Em relação à falta de seguro, o sindicalista responde que “as questões relacionadas com os direitos, liberdades e garantias não são susceptíveis de gerar negócio para as seguradoras”. E pergunta: “Nunca levantaram problemas de seguros para outras manifestações em pontes, por que levantam agora?” Recorde-se que não foi levantado qualquer entrave ao protesto marcado para o mesmo dia no Porto, na Ponte do Infante.
E sobre a possibilidade de alguém cair da ponte, o dirigente admite que o risco existe mas é "generalizado", uma vez que qualquer pessoa pode parar o carro e saltar. "Assim não passava um carro na ponte."
Arménio Carlos sublinha que “a manifestação é legal” e vai realizar-se independentemente dos pareceres negativos da PSP e do Conselho de Segurança da Ponte – e acredita que até terá mais participantes do que outros protestos organizados pela central.
“Também houve pareceres negativos noutras iniciativas de grande dimensão, nomeadamente em visitas de pessoas como o Papa e o Presidente dos EUA, mas sentaram-se e resolveram os problemas”, afirma, insistindo que quer sentar-se à mesma mesa com os presidentes das câmaras de Lisboa e Almada, a PSP e o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo. Este, porém, ainda não respondeu ao pedido e apenas quebrou o silêncio na quarta-feira, quando disse que os dois pareceres negativos "não podem ser ignorados".
Autarcas querem ouvir ministro
Também António Costa mostrou disponibilidade para participar nessa reunião. “Era útil que, em vez de criarmos aqui qualquer drama, o senhor ministro tomasse a iniciativa de sentar todos os interessados à mesa”, afirmou o autarca socialista, citado pela Lusa, no final de uma reunião solicitada pela CGTP, que ocorreu ao final da manhã.
Costa – que teve a pasta da Administração Interna no primeiro Governo de José Sócrates – disse estar “obviamente disponível” para serem encontradas soluções que “garantam o direito de segurança, o direito de manifestação e a circulação numa infra-estrutura fundamental como a Ponte 25 de Abril e que as coisas possam decorrer normalmente, como é timbre da democracia portuguesa”.
O presidente da câmara da capital reiterou que entende existir um vazio legal nesta matéria, que “resulta da forma menos atenta como foram extintos os governos civis e que importa corrigir”.
O secretário-geral da CGTP esteve também reunido com a ainda presidente da Câmara de Almada, Maria Emília Sousa (CDU), que manifestou igualmente disponibilidade para reunir com o ministro Miguel Macedo. Tal como já tinha informado, a autarquia compromete-se a fazer todas as diligências que lhe competem, nomeadamente o desvio do tráfego no território sob sua jurisdição (nos acessos à ponte).
Maria Emília Sousa lamentou também que nos últimos 23 anos em que se realizou a Meia Maratona de Lisboa na Ponte 25 de Abril, a Câmara de Almada nunca tenha sido chamada a pronunciar-se sobre qualquer questão de segurança.