Eis o fanzine Flanzine, um “hino ao Facebook”
O pudim Flanzine nasceu no Facebook e por lá continua. Para ver de três em três meses
A Flanzine, diz quem a fez, tinha “tudo para correr mal”. Contra ventos e marés, contra “as leis de Murphy e Keynes”, a revista nasceu, da Internet para o papel, para não se “perder num enorme universo de lixo virtual”. Um “percurso inverso” que, lá no fundo, significa uma coisa: “Um hino ao Facebook.”
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A Flanzine, diz quem a fez, tinha “tudo para correr mal”. Contra ventos e marés, contra “as leis de Murphy e Keynes”, a revista nasceu, da Internet para o papel, para não se “perder num enorme universo de lixo virtual”. Um “percurso inverso” que, lá no fundo, significa uma coisa: “Um hino ao Facebook.”
A começar pela parentalidade, como nos conta João Pedro Azul (na foto), um dos encarregados de educação, a partilhar a custódia com Luís Olival, autêntico “rei do Facebook”, natural de Mangualde. Os dois conheceram-se via Zuckerberg há uns anos — e assim se têm mantido. É que a Flanzine materializou-se sem os ideólogos alguma vez se terem conhecido pessoalmente. A mesma receita para muitos dos colaboradores — o primeiro número conta com nomes como Álvaro Silveira, Cláudia Lucas Chéu, Rogério Nuno Costa, Vicente Alves do Ó, Vítor Rua, Susana Moreira Marques e Raquel Ribeiro (jornalistas/colaboradoras do PÚBLICO).
Com formação em teatro, João passa hoje grande parte da semana atrás de uma banca que vende queijos e outras iguarias no Mercado do Bom Sucesso, no Porto. Assume-se como um “facebookiano” convicto. Vê a rede social como uma “ferramenta criativa”, uma “montra” para as suas ideias. E tem encontrado outros como ele. Foi ao observar esta rede de contactos que decidiu lançar um desafio a Luís Olival: “E se entre os nossos amigos do Facebook criássemos um fanzine?”
Assim foi. Em Setembro, graças ao reembolso de IRS de João Pedro, o fanzine Flanzine (não se nota que o passatempo preferido dele é “brincar com as palavras”, pois não?) ganhou corpo. “Raramente utilizámos o e-mail. Houve até quem nos entregasse os trabalhos pelo Facebook.” Os textos e as ilustrações versam sobre um tema: Mala. Uma resposta ao “incentivo à emigração por parte do primeiro-ministro e da corja”. Em Dezembro, sai a segunda com um “tema natalício”: o Medo. Não é preciso dizer que o humor negro é ma marca de água. Entram novos colaboradores (como Valério Romão e Filipe Homem Fonseca), mantêm-se outros (Vítor Rua vai ser publicado em fascículos porque João não indicou, a princípio, uma limitação de caracteres), promete-se mais diversidade, por exemplo, com a publicação de fotografias. Toda a gente pode tentar participar — a selecção está a cargo da gerência.
Entretanto, o pudim vai correndo o país. Foi apresentada no Circular em Vila do Conde, terra-natal de João Pedro, onde alguns dos colaboradores se conheceram. Idem, idem, aspas, aspas para Lisboa, onde a revista foi apresentada na passada sexta-feira na livraria XYZ. Para já, não se registou qualquer “aparição” de Luís Olival, qual D. Sebastião de Mangualde. Noutro dia, a Flanzine foi parar às mãos de Vasca Graça Moura. João Pedro avistou-o ao longe e correu no seu encalço. “Ele agradeceu e apresentou-me a pessoa que estava ao lado: o professor Nuno Júdice.” Feedback? Não houve. “Se calhar, não tem Facebook...”