Irlandeses disseram "não" ao fim do Senado
Primeiro-ministro apoiava o fim daquele órgão com o argumento da poupança.
Os resultados revelaram que os irlandeses se encontravam divididos. O "não" ganhou por 51,7% contra o "sim" com 48,3%. Só 38% dos eleitores votaram.
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Os resultados revelaram que os irlandeses se encontravam divididos. O "não" ganhou por 51,7% contra o "sim" com 48,3%. Só 38% dos eleitores votaram.
Composto por 60 membros, nomeados por indicação directa do primeiro-ministro, por académicos das principais universidades e por políticos locais, o Senado tem poderes muito limitados. A principal prerrogativa é a de poder atrasar legislação vinda da Câmara dos Representantes por 90 dias, recurso utilizado apenas em duas ocasiões em 75 anos.
A ideia generalizada é a de que se trata de um órgão que serve apenas para abrigar os deputados que falharam a eleição para o Parlamento ou os senadores em fim de carreira. O primeiro-ministro, Enda Kenny, foi um dos principais apoiantes da extinção do Senado, que considerava tratar-se de uma câmara "minoritária" e que "não é representativa do povo irlandês". A este argumento junta-se a força da austeridade num país que já leva três anos sob o jugo da troika.
O primeiro-ministro sai fragilizado devido aos resultados do referendo, sobretudo quando, brevemente, se vai votar um novo orçamento dominado pela austeridade, com previsões para aumento de impostos e novos cortes na despesa pública.
"Derrota humilhante" e "perda de autoridade" são duas das frases que dominam os textos publicados na imprensa do país. Para explicar a derrota que, aparentemente, não estava prevista, a imprensa diz que pode dever-se ao facto de o governante se ter recusado a participar em debates sobre as reformas políticas que quer levar a cabo. Enda Kenny já veio a público reconhecer o resultado do referendo, aproveitando para afirmar que as reformas são para ser feitas.
Notícia corrigida às 14h25 e actualizada às 14h43.