Criadas bactérias que produzem gasolina

Produção ainda é só para mostrar que o conceito pode ser viável.

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A bactéria Escherichia coli, que existe nos intestinos REUTERS/Manfred Rohde/HZI

A gasolina é composta por uma mistura de hidrocarbonetos (alcanos) e aditivos. Os organismos vivos têm a capacidade de produzir hidrocarbonetos, compostos químicos constituídos essencialmente por átomos de carbono e hidrogénio. A E. coli não é excepção neste aspecto, com a vantagem de ser bastante fácil de manipular em laboratório.

A equipa criou novas estirpes desta bactéria, que existe naturalmente nos intestinos, alterando a forma como elas processam a glicose (um açúcar), dando origem a ácidos gordos e seus derivados, que também são hidrocarbonetos. Utilizando essas novas estirpes, os cientistas levaram as bactérias a fabricar alcanos adequados para a produção de gasolina. Mas o conteúdo de hidrocarbonetos desta biogasolina ainda é muito baixo.

A produção de hidrocarbonetos por bactérias é apresentada como uma possível alternativa aos combustíveis baseados no petróleo, tendo, segundo a equipa, um desempenho superior a outros biocombustíveis por ter um conteúdo energético mais alto (30% mais energético que o etanol). O aumento do consumo de combustíveis está a levar ao esgotamento dos combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural) e à necessidade de encontrar alternativas energéticas sustentáveis.

Processo contribui para o efeito de estufa?

“Ainda estamos no início do trabalho para a produção sustentável de gasolina. A concentração ainda é baixa. Estamos a trabalhar para aumentar a concentração, o rendimento e a produtividade da biogasolina”, diz Sang Yup Lee, citado num comunicado do Instituto Avançado para a Ciência e Tecnologia da Coreia do Sul. “Seja como for, estamos contentes por anunciar, pela primeira vez, a produção de gasolina através da engenharia do metabolismo da E. coli, que esperamos que sirva de base para a engenharia do metabolismo de microrganismos que produzam combustíveis e químicos a partir de fontes renováveis.”

Produzindo as bactérias gasolina, será que a sua combustão não irá libertar para a atmosfera dióxido de carbono, um dos gases responsáveis pelo efeito de estufa? Sang Yup Lee responde ao PÚBLICO que, no final, o balanço entre as emissões e as capturas de dióxido de carbono é neutro: apesar de a combustão da biogasolina produzida pelas bactérias libertar dióxido de carbono, a E. coli alimenta-se da glicose que vem das plantas e estas, por sua vez, já tinham capturado dióxido de carbono durante a sua vida.
 
 

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A gasolina é composta por uma mistura de hidrocarbonetos (alcanos) e aditivos. Os organismos vivos têm a capacidade de produzir hidrocarbonetos, compostos químicos constituídos essencialmente por átomos de carbono e hidrogénio. A E. coli não é excepção neste aspecto, com a vantagem de ser bastante fácil de manipular em laboratório.

A equipa criou novas estirpes desta bactéria, que existe naturalmente nos intestinos, alterando a forma como elas processam a glicose (um açúcar), dando origem a ácidos gordos e seus derivados, que também são hidrocarbonetos. Utilizando essas novas estirpes, os cientistas levaram as bactérias a fabricar alcanos adequados para a produção de gasolina. Mas o conteúdo de hidrocarbonetos desta biogasolina ainda é muito baixo.

A produção de hidrocarbonetos por bactérias é apresentada como uma possível alternativa aos combustíveis baseados no petróleo, tendo, segundo a equipa, um desempenho superior a outros biocombustíveis por ter um conteúdo energético mais alto (30% mais energético que o etanol). O aumento do consumo de combustíveis está a levar ao esgotamento dos combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural) e à necessidade de encontrar alternativas energéticas sustentáveis.

Processo contribui para o efeito de estufa?

“Ainda estamos no início do trabalho para a produção sustentável de gasolina. A concentração ainda é baixa. Estamos a trabalhar para aumentar a concentração, o rendimento e a produtividade da biogasolina”, diz Sang Yup Lee, citado num comunicado do Instituto Avançado para a Ciência e Tecnologia da Coreia do Sul. “Seja como for, estamos contentes por anunciar, pela primeira vez, a produção de gasolina através da engenharia do metabolismo da E. coli, que esperamos que sirva de base para a engenharia do metabolismo de microrganismos que produzam combustíveis e químicos a partir de fontes renováveis.”

Produzindo as bactérias gasolina, será que a sua combustão não irá libertar para a atmosfera dióxido de carbono, um dos gases responsáveis pelo efeito de estufa? Sang Yup Lee responde ao PÚBLICO que, no final, o balanço entre as emissões e as capturas de dióxido de carbono é neutro: apesar de a combustão da biogasolina produzida pelas bactérias libertar dióxido de carbono, a E. coli alimenta-se da glicose que vem das plantas e estas, por sua vez, já tinham capturado dióxido de carbono durante a sua vida.