Estudantes denunciam dificuldades e dão 20 respostas para um ensino superior melhor

Quintas-feiras de Outubro são de luta para as associações académicas nacionais. Dia 16 reúnem-se com o secretário de Estado do Ensino Superior.

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Adelaide Carneiro

As “quintas-feiras negras no Ensino Superior” são uma tentativa de “trazer para debate aquilo que são os problemas do ensino superior, dos estudantes e das suas famílias”, explicou Rúben Alves, presidente da direcção da Federação Académica do Porto (FAP), que salienta que “os destinatários desta campanha não são apenas os governantes, é toda a sociedade civil”.

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As “quintas-feiras negras no Ensino Superior” são uma tentativa de “trazer para debate aquilo que são os problemas do ensino superior, dos estudantes e das suas famílias”, explicou Rúben Alves, presidente da direcção da Federação Académica do Porto (FAP), que salienta que “os destinatários desta campanha não são apenas os governantes, é toda a sociedade civil”.

Na primeira quinta-feira negra debateu-se na FAP o acesso à acção social, que, “desde 2010”, tem vindo a ser mais escasso, com claros problemas para os estudantes e famílias. Para as associações de estudantes há alterações que devem ser imediatas: “Os rendimentos considerados para a atribuição de bolsa devem ser os líquidos e não os brutos”, exemplificou Rúben Alves, que relatou casos de estudantes que ficaram sem acesso à bolsa por poucos euros.

Mais abandono
Números em relação ao abandono escolar não existem ao certo, mas “é óbvio que se agravou nos últimos anos”, admitiu. “Há uma dificuldade de monitorizar o abandono escolar, saber ao certo quantas pessoas deixam o ensino superior e dessas quantas o fazem por dificuldades financeiras."

É também contra esta inércia que os estudantes pretendem lutar: “Estamos a falar de algo que em si mesmo constitui um desperdício, estamos a falar de pessoas que durante algum tempo beneficiaram de apoio que lhes permitia estudar no ensino superior e que depois acabaram por deixar a universidade sem concluírem a sua formação”, lamentou o presidente da FAP.

No próximo dia 16 de Outubro os estudantes têm uma reunião com o secretário de Estado do Ensino Superior, José Ferreira Gomes, que embora não tenha sido agendada propositadamente para este assunto será uma oportunidade para levar ao executivo de Passos Coelho estes problemas.

Sensíveis ao argumento financeiro, os estudantes salientam que o mau funcionamento da acção social deve ser combatido essencialmente com “um regulamento mais justo”. Por exemplo? Considerando os custos de vida de cada região nas regras de atribuição de bolsa ou fixando um número máximo da refeições servidas nas cantinas e o preço a pagar pelos estudantes bolseiros nas residências universitárias, sem quaisquer taxas adicionais obrigatórias cobradas aos estudantes.

Nas próximas semanas vão ser discutidas mais pormenorizadamente questões relacionadas com o financiamento do ensino superior, o acesso e a “mais que previsível diminuição” do número de candidatos e colocados, o abandono escolar e a rede de ensino superior nacional.