Mahjong
Foi o filme com que João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata responderam à encomenda do Estaleiro de Vila de Conde, projecto que ao longo de dois anos dinamizou a produção perto de uma dezena de novos filmes, maioritariamente curtas e maioritariamente rodados na região daquela cidade. É o quarto “filme chinês” de João Pedro e João Rui, depois de China, China, Alvorada Vermelha e A Última Vez que Vi Macau. Com a particularidade de, como China, China, não precisar de sair de Portugal para encontrar a China e os chineses. Não precisa sequer de ir para longe de Vila do Conde: fica-se pela Varziela, onde existe a que é descrita como a maior Chinatown em Portugal. O filme é sobre esse bairro, duma perspectiva sombriamente documental, percorrido em travellings de automóvel que revelam fachadas de restaurantes e supermercados. Mas é também, e seguindo alguma coisa do modelo de A Última Vez que Vi Macau, um pequeno ensaio em torno dos códigos do film noir, ancorado na voz off tradicionalmente estruturante do noir e em motivos narrativos que parecem naturais ao género - no caso uma mulher desaparecida, que não será a “dama de Xangai” mas pode bem ser a “dama da Varziela”. O exercício não é gratuito, e como nos casos precedentes, o emprego da codificação do “noir” surge como resposta - e também salvaguarda do seu mistério intrínseco - à codificação “fechada” da comunidade chinesa retratada. Do encontro entre ambas nasce a fantasia (ou apenas a ficção), alimentada pela espaço assim criado entre o som e a imagem. Aquela sensualidade, ora mais física ora mais etérea, que reconhecemos como pormenor determinante nos filmes de João Pedro e João Rui. Mahjong não estará entre as suas expressões mais efusivas, mas a coerência, em termos de “visão do mundo”, é inatacável.
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Foi o filme com que João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata responderam à encomenda do Estaleiro de Vila de Conde, projecto que ao longo de dois anos dinamizou a produção perto de uma dezena de novos filmes, maioritariamente curtas e maioritariamente rodados na região daquela cidade. É o quarto “filme chinês” de João Pedro e João Rui, depois de China, China, Alvorada Vermelha e A Última Vez que Vi Macau. Com a particularidade de, como China, China, não precisar de sair de Portugal para encontrar a China e os chineses. Não precisa sequer de ir para longe de Vila do Conde: fica-se pela Varziela, onde existe a que é descrita como a maior Chinatown em Portugal. O filme é sobre esse bairro, duma perspectiva sombriamente documental, percorrido em travellings de automóvel que revelam fachadas de restaurantes e supermercados. Mas é também, e seguindo alguma coisa do modelo de A Última Vez que Vi Macau, um pequeno ensaio em torno dos códigos do film noir, ancorado na voz off tradicionalmente estruturante do noir e em motivos narrativos que parecem naturais ao género - no caso uma mulher desaparecida, que não será a “dama de Xangai” mas pode bem ser a “dama da Varziela”. O exercício não é gratuito, e como nos casos precedentes, o emprego da codificação do “noir” surge como resposta - e também salvaguarda do seu mistério intrínseco - à codificação “fechada” da comunidade chinesa retratada. Do encontro entre ambas nasce a fantasia (ou apenas a ficção), alimentada pela espaço assim criado entre o som e a imagem. Aquela sensualidade, ora mais física ora mais etérea, que reconhecemos como pormenor determinante nos filmes de João Pedro e João Rui. Mahjong não estará entre as suas expressões mais efusivas, mas a coerência, em termos de “visão do mundo”, é inatacável.