Vencedores e vencidos das eleições autárquicas

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  RUI MOREIRA
  O leque de personalidades que desde a primeira hora apoiou Rui Moreira indiciava que esta era uma candidatura diferente. Históricos do PSD romperam com o partido. O CDS deu uma machadada na coligação, manifestando-lhe desde logo o apoio. Rui Moreira arrastou consigo a entourage de Rui Rio, mas também figuras independentes dos meios académicos, culturais e económicos da cidade. Para muitos destes apoiantes, era o corte com as lógicas aparelhísticas dos dois principais partidos, debaixo do slogan O nosso partido é o Porto. Raposo Antunes

  ANTÓNIO COSTA
  Costa ganhou em toda a linha: reforçou a votação e obteve o resultado mais expressivo de sempre na capital, ganhou em todas as 24 freguesias, conquistou a maioria na assembleia municipal e ainda a maioria das juntas. Costa manteve a humildade política durante a campanha. Nunca se apresentou como vencedor antecipado e apresentou mesmo cartazes, já na recta final, a pedir o voto dos lisboetas. Conseguiu uma vitória esmagadora, que reforça também a sua própria projecção a nível nacional, e que pode embalá-lo para outros voos durante os próximos anos. Leonete Botelho

  JERÓNIMO DE SOUSA
  A sul, o mapa voltou a pintar-se de vermelho. A CDU reconquistou nada menos que 10 câmaras ao PS, duas das quais capitais de distrito (Évora e Beja) e uma na área metropolitana de Lisboa. Os resultados são expressivos por si só e mostram para onde foi canalizada uma boa parte do voto de protesto, sobretudo no Alentejo, mas também mais a norte (Loures e Monforte, Portalegre) e no Algarve (Silves). O PCP, com a sua mensagem de protesto contra a troika e as políticas de austeridade, deixa o Bloco de Esquerda a léguas de distância nestas eleições e faz mossa ao PS. L.B.

  ANTÓNIO JOSÉ SEGURO
  O líder do PS bem pode cantar vitória: ganhou em votos, esmagou em número de câmaras – obteve o maior resultado alguma vez atingido por um partido em autárquicas (pelo menos 143) – e reconquistou a presidência da Associação Nacional de Municípios, a meta desejada por Passos Coelho. Perdeu quatro capitais de distrito: além de Évora e Beja, para o PCP, perde Braga e Guarda, para o PSD. Mas conquista Coimbra, Funchal, Vila Real e Faro. Com estes resultados, Seguro passou o seu primeiro teste eleitoral e não deixa pretextos aos inimigos internos. L.B.

  PAULO PORTAS
  “É o penta do CDS”, disse o líder do partido. O CDS-PP manteve Ponte de Lima e ganhou mais quatro câmaras. A cereja em cima do bolo foi a vitória de Rui Moreira no Porto, candidato independente e que recebeu o apoio dos centristas. Os presidentes de câmara eleitos do CDS já chegam para lotar um táxi. “Conseguimos esta noite voltar a ser um partido relevante nas autarquias locais”, resumiu o líder do CDS, com algum exagero à mistura. Portas ganha um novo fôlego, depois de um grande desgaste no Verão, em que não saiu nada bem de uma crise política na qual teve muitas responsabilidades. Pedro Santos Carvalho


  PEDRO PASSOS COELHO
  Assumiu a derrota eleitoral, que classificou de “derrota nacional”. O primeiro-ministro e presidente do PSD reconheceu que o partido “registou um dos seus piores resultados, ao nível daqueles no final dos anos 80 e início dos anos 90”. E agora? “Há sempre leituras nacionais a fazer das eleições autárquicas”, disse o próprio. E a leitura é que Passos sai fragilizado, na liderança do partido e na liderança do Governo. Isto numa altura em que as negociações em curso com a troika ainda o vão obrigar a dar más notícias aos portugueses. Agora num papel novo, o de derrotado nas urnas. P.S.C.

  LUÍS FILIPE MENEZES
  O candidato do PSD foi o protagonista de uma campanha de casos. Foi a polémica da limitação de mandatos, foram os excessos de gastos com a campanha (desde os famosos porcos nos espeto aos concertos de Tony Carreira e ao misericordioso pagamento de rendas e de facturas de água e luz) e as propostas vagas, como a de transformar o Porto na Barcelona de Portugal. O ex-presidente da Câmara de Gaia não conseguiu limpar a imagem de autarca despesista, em claro contraciclo com o discurso do líder do seu partido, do qual é um destacado apoiante. R.A.

  ALBERTO JOÃO JARDIM
  Alberto João Jardim é um dos maiores vencidos de domingo, tendo o seu PSD sofrido a maior derrota da história da autonomia da Madeira. Passou do hegemónico controlo de 11 câmaras para apenas quatro. Saiu frustrada a estratégia que protagonizou em toda a campanha de demarcar-se do PSD nacional e do Governo de Passos Coelho, que procurou responsabilizar pela austeridade na região. Os madeirenses penalizaram o responsável pelo agravamento das medidas devido ao excessivo endividamento regional. A hecatombe ameaça a liderança de Jardim. Tolentino de Nóbrega

  JOÃO SEMEDO
  Foi uma noite desastrosa para o Bloco de Esquerda, e João Semedo, um dos coordenadores do partido, foi o seu rosto. A candidatura do actual vice-presidente do Bloco a sucessor de Ana Cristina Ribeiro em Salvaterra de Magos falhou e o partido perdeu a única autarquia que detinha para o PS, ao fim de 16 anos. João Semedo não foi eleito para vereador para a Câmara de Lisboa e o mesmo aconteceu a José Soeiro, no Porto, e a Luís Fazenda, em Sintra. A vitória da coligação Mudança no Funchal, da qual faz parte, não chegou para mudar a noite negra. Lurdes Ferreira

  FERNANDO SEARA
  A derrota do dinossauro que se mudou de Sintra para Lisboa, por ter atingido o limite de mandatos, não chegou a ser bem uma surpresa. Era para aí que apontavam as sondagens e o próprio admitiu que estava preparado para isso, depois de o Tribunal Constitucional lhe ter dado razão. O líder da coligação Sentir Lisboa, que juntou PSD, CDS e MPT, e que foi a grande aposta dos sociais-democratas para a capital, assumiu que a responsabilidade era “inteiramente” sua. O que tornou maior a derrota foi não ter conseguido travar o reforço político de Costa. L.F.