O mundo aqui ao lado

Agora revitalizada, com novas cores, sabores e odores, a praça do Martim Moniz passou a integrar mais regularmente os roteiros turísticos e culturais da capital

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Pedro Soenen

Muitas cidades nasceram e cresceram ao som de batalhas e Lisboa não foi excepção. No cerco à cidade, Martim Moniz tornou-se numa personagem tão importante que o seu nome é hoje toponímico de uma zona lisboeta, verdadeiro símbolo da sua multiculturalidade. Agora revitalizada, com novas cores, sabores e odores, a praça do Martim Moniz passou a integrar mais regularmente os roteiros turísticos e culturais da capital. E nós fomos lá passear num suave "slalom" entre instalações artísticas e esplanadas, nessa praça-ilha que isola do "stress" diário.

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Muitas cidades nasceram e cresceram ao som de batalhas e Lisboa não foi excepção. No cerco à cidade, Martim Moniz tornou-se numa personagem tão importante que o seu nome é hoje toponímico de uma zona lisboeta, verdadeiro símbolo da sua multiculturalidade. Agora revitalizada, com novas cores, sabores e odores, a praça do Martim Moniz passou a integrar mais regularmente os roteiros turísticos e culturais da capital. E nós fomos lá passear num suave "slalom" entre instalações artísticas e esplanadas, nessa praça-ilha que isola do "stress" diário.

Num final de tarde, a luz do dia ganha mais cores ocres ao som de músicas do mundo. Pequenos quiosques oferecem-nos iguarias de países distantes, mas que podemos saborear ali mesmo, sentados à beira da água que permeia o espaço. A Guadalupe chegou à praça a dormir e o passeio foi muito calmo, apesar do movimento transeunte e do volume da música que nos reportava além fronteiras. Mal se ouviam os sons dos carros, ali o ambiente era naturalmente genuíno, com pessoas únicas.

Em Lisboa foi possível pôr uma amostra do mundo numa praça, um espaço com vivências culturais sobretudo africanas e asiáticas, que nos aproximam das nossas ligações, numa verdadeira fusão humana. Uma praça onde até os carrinhos de bebés são bem-vindos, com rampas laterais para que ninguém se sinta descriminado.

A Lupe acordou quando íamos a caminho da esplanada do hotel Mundial, pois numa praça onde cabe o mundo, o seu hotel tinha de ter um nome a condizer! Subir até ao RoofTop Bar parecia tarefa fácil tendo em conta as instalações do hotel, mas para mal dos nossos pecados, a saída do elevador não chegava ao bar, que se situa entre o 8º e o 9º andar, havendo sim uns estreitos lanços de escada. Valeu o esforço da subida pela vista panorâmica sobre a cidade, com os seus velhos telhados... e pelos deliciosos croquetes. Contudo, desaconselho a jornada para uma simples bebida ou café... a vossa carteira sairá do hotel muito mais leve! Aqui, a música era outra e o DJ estava abruptamente colocado no ponto mais interessante da vista sobre o Tejo, causando sérios transtornos a quem queria fotografar a cidade. A pequena Guadalupe quis de imediato explorar as imediações e com a minha ajuda deu os seus passinhos percorrendo toda a esplanada, excitada pela novidade do local. Acabado o seu laureio, pediu maminha assistindo ao pôr-do-sol aninhada a mim, enquanto os seus olhinhos entreabertos jogavam com a luz quente do final de dia.

A discrepância entre a praça e este espaço não poderia ser maior. No bar, o ambiente é mais formal, claramente frequentado por uma classe social mais upa-upa, por homens de negócios ou simplesmente pelos hóspedes do hotel. Inconscientemente, parecia haver um dress-code e um modo de estar mais contido e menos natural. No fim de contas, o mundo do piso de baixo é consideravelmente melhor ao mundo do piso superior, porque o que torna a vista lá de cima bonita é a azáfama, diversidade e calor humano que se entrechocam cá em baixo.