Resgatada maioria dos reféns em Nairobi

Pelo menos 68 pessoas morreram no ataque a um centro comercial. Presidente Kenyatta prometeu "punir severamente" os culpados, os islamistas da Al-Shabab.

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A informação foi avançada na conta do Twitter das Forças de Defesa do Quénia, as forças armadas do país, que já controlam a maior parte do edifício. No decorrer da operação, quatro militares foram feridos e levados para o hospital. A última actualização, cerca das 21h30, informava que estavam "a ser feitos todos os esforços para fazer este assunto chegar a uma conclusão rápida". 

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A informação foi avançada na conta do Twitter das Forças de Defesa do Quénia, as forças armadas do país, que já controlam a maior parte do edifício. No decorrer da operação, quatro militares foram feridos e levados para o hospital. A última actualização, cerca das 21h30, informava que estavam "a ser feitos todos os esforços para fazer este assunto chegar a uma conclusão rápida". 

Já depois das 22h, um oficial militar adiantou à BBC que os terroristas deviam ter ainda consigo cerca de dez reféns e que algumas das pessoas resgatadas foram assistidas por desidratação. Às 23h30, os responsáveis ainda não sabiam quando iria terminar a operação e o oficial ouvido pela BBC disse ser possível que sejam encontradas mais vítimas mortais quando as autoridades inspeccionarem o edifício.

O ataque terrorista começou no sábado ao meio-dia (hora local). Desde então, foram retiradas do local cerca de mil pessoas. O número de mortos confirmados é de 68. Havia também feridos graves entre os 170 atingidos pelas balas terroristas.

“Vamos punir rapidamente e severamente os organizadores. Devem pagar pelos seus actos ignóbeis e animalescos”, prometera à tarde o Presidente Uhuru Kenyatta, sugerindo querer ir até à origem da ordem do ataque, ao comando da Al-Shabab na Somália.

Um sobrinho do Presidente estava no edifício com a noiva quando o ataque começou, no sábado ao meio-dia (hora local), com o Westgate Mall apinhado — morreram ambos.

Ao segundo dia, a nacionalidade de alguns mortos foi sendo conhecida. Em Londres, William Haugue, responsável pela diplomacia do Reino Unido, disse que três são britânicos. “Receamos que possam ser mais”, disse. Paris confirmou dois mortos — duas pessoas executadas no parque de estacionamento. O Canadá disse que um dos seus diplomatas morreu. A ONU deu conta de um morto, um médico peruano ao serviço da Unicef. E em Acra (Gana), o Governo anunciou a morte de um dos seus principais poetas (e também diplomata), Kofi Awoonor, que estava em Nairobi para participar num festival literário.

De acordo com a AFP, hoje ao fim da tarde (em Lisboa são menos duas horas do que no Quénia) houve troca de tiros dentro do centro comercial. Esta agência noticiosa dizia que elementos das forças especiais israelitas estavam dentro do edifício, ajudando as tropas locais na operação. O centro comercial é propriedade de uma empresa israelita. “Estamos a prosseguir as operações, mas não nos podemos precipitar”, disse ao jornal francês Libération um responsável do exército queniano.

A ONU deu conta de um morto, um médico peruano ao serviço  da Unicef. E em Acra (Gana), o Governo anunciou a morte de um dos seus principais poetas (e também diplomata), Kofi Awoonor, que estava em Nairobi para participar num festival literário. Foi retirado do edifício no sábado (dia do ataque) com vida, mas morreu devido à gravidade dos ferimentos. Mãe e filha francesas também estão entre as vítimas mortais.

Propriedade israelita

De acordo com a AFP, travava-se uma batalha dentro do centro comercial. Esta agência noticiosa dizia que elementos das forças especiais israelitas estavam dentro do edifício, ajudando as tropas locais na operação. O centro comercial é propriedade de uma empresa israelita. “Estamos a prosseguir as operações, não nos podemos precipitar”, disse ao jornal francês Libération um responsável do exército.

Este centro comercial já tinha sido considerado pelos Estados Unidos uma zona de risco, por ser o local de encontro da comunidade de diplomatas na capital queniana. Ao sábado, diz a Reuters, as lojas, os cafés gourmet e os restaurantes de sushi de Westgate estão cheios.
 
O Quénia é o centro da diplomacia em África, sendo em Nairobi a sede africana das Nações Unidas e de outras organizações. Não tem sido poupado ao terrorismo. Em 1998 a Al-Qaeda matou mais de 200 pessoas ao fazer explodir um camião armadilhado junto à embaixada americana de Nairobi. E, em 2002, terroristas islâmicos atacaram o hotel Indian Ocean, propriedade de israelitas, e lançaram mísseis contra um avião de Israel.

O ataque de sábado foi reivindicado — primeiro no Twitter, depois através da  estação de televisão Al-Jazira — pela Al-Shabab, a organização armada islamista que actua na Somália (onde controla extensos territórios) mas tem feito incursões no Quénia. Tropas do Quénia participam na missão da União Africana na Somália e o Governo de Nairobi tem patrulhas em território somali que tentam evitar a progressão da Al-Shabab.

A presença queniana na Somália foi condenada pela Al-Shabab, que ameaçara com "duras" represálias. "O que o povo queniano vê em Westgate é a justiça punitiva pelos crimes cometidos pelos seus soldados", publicou a Al-Shabab no Twitter antes de ter sido encerrada a conta que estava a usar, no sábado à noite.

O Departamento de Estado americano condenou o "acto de violência sem sentido que resultou na morte de mulheres, homens e crianças inocentes". A embaixada dos EUA em Nairobi disse estar em contacto com as autoridades e disponibilizou toda a ajuda necessária.

A BBC avança que as autoridades estimam que os que ainda permanecem no interior do edifício se encontram em várias localizações, o que está a dificultar a operação de resgate. A polícia e os militares fizeram raides no Westgate e retiraram dezenas de pessoas que estavam escondidas nas lojas, mas a operação poderá estar ainda longe do fim. Algums meios de comunicação estavam a avançar que o comando islamista poderá ter-se refugiado, com reféns, dentro do supermercado.

Algumas testemunhas disseram que os atacantes — que entraram no centro comercial depois de terem lançado granadas para o seu interior — tinham metralhadoras AK-47 e disseram aos muçulmanos para saírem, tendo começado a executar os não muçulmanos.

Pouco depois do ataque, foram enviadas para o centro comercial as unidades de elite da polícia e do exército, apoiadas por helicópteros de combate. Do interior do centro comercial foram retiradas perto de mil pessoas.