Nouriel Roubini: autárquicas e TC são determinantes para travar segundo resgate
Crise política em Portugal foi um sinal de fadiga de austeridade, diz o economista Nouriel Roubini.
Roubini, que ficou conhecido em todo o mundo por ter previsto a bolha imobiliária nos Estados Unidos que deu origem à crise financeira internacional, disse ainda que Portugal (e outros países da periferia da zona euro) sofre de fadiga de austeridade. Aliás, “a crise política do Verão foi um sinal dessa fadiga”, reforçou. Situações como greves e protestos, o chumbo do TC e “outras incertezas” levaram a um aumento das taxas de juro, afirmou, lembrando que há o risco de descida do rating e um debate público sobre a revisão das metas do défice que, na sua opinião, “cria ruído”.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Roubini, que ficou conhecido em todo o mundo por ter previsto a bolha imobiliária nos Estados Unidos que deu origem à crise financeira internacional, disse ainda que Portugal (e outros países da periferia da zona euro) sofre de fadiga de austeridade. Aliás, “a crise política do Verão foi um sinal dessa fadiga”, reforçou. Situações como greves e protestos, o chumbo do TC e “outras incertezas” levaram a um aumento das taxas de juro, afirmou, lembrando que há o risco de descida do rating e um debate público sobre a revisão das metas do défice que, na sua opinião, “cria ruído”.
A recuperação ainda é “fraca” e, por isso, caso as autárquicas não reforcem a posição do Governo de Passos Coelho, as probabilidades de um segundo resgate são reais, disse.
“A minha visão é que, se as coisas correrem bem, a direcção [em que o país vai] é boa”, afirmou. Roubini diz que se o Governo “estiver comprometido a continuar a reforma da austeridade” e a troika aceitar uma redução da meta do défice, ao mesmo tempo que se os resultados nas eleições forem favoráveis ao executivo, “os juros baixam e o país pode ganhar acesso ao mercado este ano e, em vez de um segundo resgate, terá um programa cautelar”.
Para o consultor, há aspectos positivos na situação portuguesa. O ajustamento fiscal foi “muito grande” e era necessário, houve reformas estruturais (que tornam o país mais produtivo, ainda que sejam “dolorosas”), uma redução no custo de trabalho, aumento de exportações.
Roubini está optimista quanto ao desfecho da crise em Portugal e, a nível europeu, defende que o papel da Comissão Europeia devia ter sido mais determinante, apontando como exemplo o valor do euro, que, na sua opinião, é muito forte.
O economista prevê uma retoma gradual na zona euro e acredita que a recuperação já começou, nomeadamente em Portugal. “Está dependente da criação de emprego e da redução do desemprego e do aumento do consumo”, exemplificou.
Questionado sobre a saída do euro, disse que há uma regra para aumentar crescimento potencial: depende da demografia e da produtividade. “Enfrentamos o envelhecimento da população, mas há medidas que podem ser tomadas”, afirmou. Do lado da produtividade, defendeu que se pode melhorar a política fiscal, impulsionar o investimento privado e melhorar o sector público. Aplaudindo o esforço nas exportações, disse ainda que é preciso “investir nas pessoas”.
Quanto à revisão da meta do défice, defendeu que, mesmo que venha acontecer, o TC pode sempre travar mais medidas de cortes. “Esqueçam a troika, têm de dar atenção ao que os mercados estão a dizer”, disse.