Sindicato: Fraude nos transportes ligado a "política cega" de despedimentos

O estudo concluiu que na Carris a taxa média de fraude é de 15,2%.

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“O aumento da fraude nas empresas de transportes na região de Lisboa não pode ser desligado do aumento das dificuldades das pessoas e também da política cega de redução de trabalhadores, nomeadamente em áreas operacionais das empresas”, refere a Fectrans num comunicado agora divulgado.

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“O aumento da fraude nas empresas de transportes na região de Lisboa não pode ser desligado do aumento das dificuldades das pessoas e também da política cega de redução de trabalhadores, nomeadamente em áreas operacionais das empresas”, refere a Fectrans num comunicado agora divulgado.

O secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, defendeu na quarta-feira a necessidade urgente de se acabar com as fraudes nos transportes públicos.

Afirmando que, a pedido do Governo, a Autoridade Metropolitana de Transportes de Lisboa (AMTL) elaborou um relatório sobre as fraudes nas validações, o governante frisou que “não se pode ignorar as suas conclusões”.

De acordo com o relatório, cujos dados foram divulgados pelo PÚBLICO, “a fraude está a custar mais de oito milhões de euros por ano aos transportes públicos de Lisboa”.

O estudo concluiu que na Carris a taxa média de fraude é de 15,2% e estará a provocar prejuízos mensais superiores a 400 mil euros, mais de 5 milhões de euros ao final de um ano.

No Metro, a taxa média de fraude nas 18 estações analisadas (cerca de 35% do total) situa-se em 1,1 por cento. Já nas duas estações da CP observadas, o nível de infracção é de 2,3 por cento.

A Fectrans sublinha que o combate à fraude “faz-se também com uma fiscalização eficaz, com trabalhadores efectivos das empresas de transportes, o que tem sido posto em causa pela redução de postos de trabalho”.

De acordo com a Fectrans, no Metropolitano de Lisboa há “16 trabalhadores na área da fiscalização quando já foram cinquenta e dois”.

“Na Carris, hoje, são apenas trinta e cinco. Na CP existe apenas um revisor por comboio (composto por duas unidades independentes), foram reduzidas brigadas de fiscalização”, refere a nota hoje divulgada.

A Fectrans ressalva que “é preciso apurar a diferença de números indicadas pelo estudo da ATML e das empresas e se o estudo não ocorreu numa altura anómala”, acrescentando que “um estudo sério terá que ser feito em várias ocasiões e não apenas num momento”.

Segundo o PÚBLICO, a AMTL realizou o relatório entre Maio e Agosto, por meio de observação directa na utilização dos serviços da Carris e do Metropolitano de Lisboa, bem como de duas estações da CP (Rossio e Cais do Sodré).