Houve “influências políticas directas” na escolha do Qatar para o Mundial 2022, admite Blatter
Líder da FIFA apela à “flexibilidade” em relação à escolha de uma nova data para o torneio.
Na entrevista, a ser publicada na quinta-feira na publicação alemã Die Zeit, Blatter disse que a escolha do Qatar “teve influências políticas directas”. “Chefes de Governo europeus aconselharam os representantes dos seus países com direito de voto a pronunciarem-se a favor do Qatar, porque estavam ligados a esse país por interesses económicos importantes”, acrescentou Blatter.
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Na entrevista, a ser publicada na quinta-feira na publicação alemã Die Zeit, Blatter disse que a escolha do Qatar “teve influências políticas directas”. “Chefes de Governo europeus aconselharam os representantes dos seus países com direito de voto a pronunciarem-se a favor do Qatar, porque estavam ligados a esse país por interesses económicos importantes”, acrescentou Blatter.
Sobre eventuais casos de corrupção na atribuição do Mundial 2022 ao Qatar, o presidente da FIFA disse que a entidade a que preside acabou de encarregar uma nova comissão de ética independente de “analisar outra vez” tudo o que tenha a ver com a escolha daquele país.
A FIFA atribuiu, em 2010, a organização do Mundial de 2022 ao Qatar, num processo que tem levantado controvérsia principalmente por causa das altas temperaturas naquele país nos meses habitualmente ocupados pelo torneio: Junho e Julho.
Ainda nesta quarta-feira, o presidente da Associação Europeia de Clubes de Futebol e dirigente do actual campeão da Europa, Bayern Munique, Karl-Heinz Rummenigge, lançou a hipótese de o Mundial 2022 ser agendado para Abril, para evitar os problemas do calor. “Faz uma grande diferença se jogamos em Novembro, Janeiro ou mesmo em Abril. Em Abril, as temperaturas no Qatar são muito agradáveis”, declarou Rummenigge ao desportivo alemão Sport Bild.
Blatter, também na entrevista a publicar quinta-feira no Die Zeit, apelou à “flexibilidade”. “Devemos ser flexíveis ao nível do período, senão estaríamos sempre a excluir os países ao sul do equador da lista de candidatos a um Mundial”, disse Blatter.
Sobre a possibilidade de Abril, Blatter recordou uma má experiência: “No Mundial de juniores no Qatar, em 1995, o torneio decorreu no mês de Abril e todos nós sofremos enormemente com o calor”. Portugal acabou por ficar em terceiro lugar nessa competição.