Antoine Dubois e Tristan Terisse (arquitectos) e Jérémy Coste (realizador) estão a construir o projecto Abroad: Architecture By Road. Eles vão partir de Montpellier para uma viagem de dois anos, de mochila às costas, maioritariamente de bicicleta, à descoberta dos diferentes modelos de arquitectura de habitação e a relação entre a tradição e a contemporaneidade.

Antoine Dubois e Tristan Terisse (arquitectos) e Jérémy Coste (realizador) estão a construir o projecto Abroad: Architecture By Road. Eles vão partir de Montpellier para uma viagem de dois anos, de mochila às costas, maioritariamente de bicicleta, à descoberta dos diferentes modelos de arquitectura de habitação e a relação entre a tradição e a contemporaneidade.

Com partida prevista para Novembro, o itinerário, de 72.700 quilómetros, incluiu 38 países de quatro continentes e tem um orçamento de aproximadamente 74 mil euros. Neste momento, estão a finalizar a fase de preparação do projecto, precisam de mais um patrocinador, mas estão no bom caminho para reunir todo o dinheiro necessário para arrancar com a aventura.

A ideia surgiu há mais ou menos um ano, ainda enquanto estudantes da Ecole Nationale Supérieure d’Architecture de Montpellier. Começaram logo a contactar a imprensa, amigos e patrocinadores. A apresentação e discussão da ideia com os parceiros ajudou-os a melhorar o conceito geral do projecto.

Escolheram a bicicleta porque é uma maneira mais lenta de viajar e que, por isso, lhes dará tempo para descobrir os territórios e ter uma melhor percepção da escala desse território. "Queremo-nos aproximar das pessoas que vivem nesses locais para perceber como moram e como as suas casas cumprem a finalidade para a qual são construídas", diz Antoine ao P3 (via Skype).

O critério para a escolha dos países foi terem "um amplo panorama das culturas e diferentes tipologias de habitações que existem por todo o Mundo". Depois, porque vão viajar de bicicleta têm de "perseguir o Verão".

Apesar de serem admiradores do trabalho de Siza Vieira e de Souto de Moura, e da arquitectura portuguesa em geral, por uma mera questão de tempo tiveram de deixar fora do itinerário o nosso país. "Temos de chegar a África o mais rápido possível e não encontrámos uma outra solução exequível", explica.

À procura  de soluções

Antoine conta-nos que estavam a acabar a escola de Arquitectura e perguntavam-se: Como são as casas no mundo? "Porque em França não existem novas soluções. Isto é uma grande questão, nós aqui usamos a mesma tipologia de casas em todas as partes do nosso país e, talvez, se passe a mesma coisa por toda a Europa". "Por outro lado, todos nós gostamos muito de viajar e, enquanto arquitectos, é muito importante ter diferentes experiências para melhorar a nossa actividade."

"Não queremos melhorar a arquitectura ou inventar o que quer que seja, apenas queremos olhar para as diferentes construcções que existem no mundo e aprender com as diferentes tipologias e os diferentes exemplos."

Acreditam que "a solução para a arquitectura do séc. XXI poderá estar no método tradicional, não apenas nos aspectos conceptuais, mas também na sustentabilidade", afirma o arquitecto. "Claro que a tecnologia e os novos materiais são realmente eficientes, mas pensamos que numa arquitectura em menor escala é importante arranjar uma solução mais simples e menos dispendiosa."

Retratos do projecto

Grande parte dos cerca de 35 quilos de material que transportam em cada bicicleta é de multimédia e audiovisual. O realizador Jérémy Coste conta que serão produzidos 38 pequenos documentários, publicados mensalmente, que vão traçar o retrato do emparelhamento encontrado, ao longo da viagem, entre a arquitectura tradicional e actual. No final, será produzido um documentário com a história dos dois anos de estrada que durará o projecto.

Os objetivos da equipa são a realização de estudos para partilhar via internet e, posteriormente, a publicação de um livro com os retratos de arquitectura e, um outro, com a história das aventuras de toda a viagem.