Arábia Saudita tem, pela primeira vez, um filme candidato aos Óscares
A realizadora teve que filmar de dentro de uma camioneta dirigindo os actores com um walkie-talkie.
“Wadjda vai representar a Arábia Saudita no Óscar do Melhor Filme Estrangeiro, o que constitui uma estreia para o reino”, disse à AFP Sultan Al-Bazie, director do comité oficial de selecção e chefe da Associação Saudita para as Artes e a Cultura. Al-Bazie sublinhou que esta decisão foi tomada “na sequência do sucesso obtido pelo filme e a realizadora em vários festivais internacionais”.
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“Wadjda vai representar a Arábia Saudita no Óscar do Melhor Filme Estrangeiro, o que constitui uma estreia para o reino”, disse à AFP Sultan Al-Bazie, director do comité oficial de selecção e chefe da Associação Saudita para as Artes e a Cultura. Al-Bazie sublinhou que esta decisão foi tomada “na sequência do sucesso obtido pelo filme e a realizadora em vários festivais internacionais”.
Primeira longa-metragem de uma cineasta saudita, Wadjda obteve o prémio de melhor longa-metragem árabe no festival de cinema do Dubai, e recebeu o Prémio France Culture Cinéma (categoria revelação) no Festival de Cannes, tendo sido ainda ovacionado em Veneza.
O filme conta a história de uma rapariga rebelde cujo sonho é ter uma bicicleta, quebrando assim um tabu social no reino ultraconservador onde as mulheres são privadas de muitos direitos.
Haifaa Al-Mansour, de 38 anos, diplomada na Universidade Americana do Cairo e na Universidade de Sidney, correu alguns riscos ao filmar em Riad. Foi necessário filmar a partir de uma camioneta, longe dos olhares, e usar um walkie-talkie para dirigir os actores, entre os quais a jovem Waad Mohammed, que faz o papel de Wadjda e que obteve o prémio de Melhor Interpretação Feminina no festival do Dubai.
O filme já estreou em França e acaba de ser lançado nos Estados Unidos, mas não será exibido na Arábia Saudita onde, devido à pressão dos islamistas conservadores, os cinemas e outras formas de divertimento estão proibidos.
A Arábia Saudita é o único país no mundo onde as mulheres são obrigadas a usar sempre véu, não podem conduzir e devem ser acompanhadas por um homem da família quando se querem deslocar. Mas, na Primavera passada, a polícia religiosa determinou que as mulheres podem andar de bicicleta em locais de lazer como os parques públicos “na condição de manterem a abaya (a longa túnica negra tradicional)” e de serem acompanhadas por um membro masculino da família.
Notícia corrigida: o filme é ainda apenas candidato à nomeação