Pais dizem que há crianças sem escola
O “corte cego” do número de turmas deixou filhos sem escola, acusa Federação Regional de Lisboa das Associações de Pais. MEC assegura que "nenhum aluno ficará sem turma atribuída".
“Esta é uma situação gravíssima – apelamos aos pais e encarregados de educação com estes ou outros problemas que contactem as associações das respectivas zonas de residência, porque só com dados concretos temos possibilidade de ajudar a resolvê-los”, disse.
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“Esta é uma situação gravíssima – apelamos aos pais e encarregados de educação com estes ou outros problemas que contactem as associações das respectivas zonas de residência, porque só com dados concretos temos possibilidade de ajudar a resolvê-los”, disse.
Em declarações ao PÚBLICO, Isidoro Roque afirmou que os problemas resultam dos “cortes cegos do Ministério de Educação e Ciência (MEC), que, para poupar em professores, não permitiu a abertura do número de turmas necessário e adequado à saída de alunos do privado para o público”. “Agora atira as crianças de um lado para o outro”, acusou.
Segundo diz, ainda em Agosto foi aconselhando os pais a recorrerem “ao livro de reclamações das escolas”, por não lhe “passar pela cabeça que os problemas não seriam resolvidos até Setembro”. “É incrível o que se está a passar – uma estrutura não profissional é incapaz de responder às dificuldades ao mesmo ritmo que o MEC os cria”, lamentou Isidoro Roque.
Ana Antão, mãe de um aluno que este ano entra no 7.º ano, só na terça-feira, “depois de um mês a correr de um lado para o outro e entre serviços do MEC”, foi informada de que o filho seria colocado no Agrupamento de Escolas das Laranjeiras. “É um absurdo, porque nem corresponde àquele em que fez o 2.º ciclo, nem ao da área da residência”, disse ao PÚBLICO.
A mãe assegura que não aceitará que “atirem o seu filho para uma escola cheia de problemas” e que já transmitiu essa mensagem ao MEC.
Paula Pereira, que pediu em Julho, por motivos familiares, a transferência das duas filhas do agrupamento de Escolas de Rio de Mouro para o de Massamá, disse ao PÚBLICO ter o mesmo problema: “Quando vim de férias, percebi que a mais velha, que vai para o 7.º ano, não estava inscrita nem num lado nem no outro.”
Isidoro Roque referiu-se, em concreto, ao caso de uma criança da margem sul do Tejo, que vai para o 5.º ano, e que não está integrada em qualquer escola. Disse não ter autorização para divulgar a identidade dos pais.
O MEC reagiu ao fim da tarde desta quarta-feira, assegurando que "o número de alunos por colocar é muito residual" e que "os serviços estão a trabalhar com a maior celeridade possível de forma a solucionar estas situações" e de maneira "a que nenhum aluno seja prejudicado". "Nenhum aluno ficará sem turma atribuída", garantiu, através do gabinete de imprensa, acrescentando que " o inicio das actividades lectivas pode ocorrer entre 12 e 16 de Setembro".
Notícia actualizada às 20h40 Acrescenta reacção do Ministério da Educação