Conservadores vencem eleições na Austrália
Primeiro-ministro Kevin Rudd anuncia que vai deixar a chefia dos trabalhistas
Com a contagem de votos na recta final, a Coligação (como é designada a aliança que junta os partidos Liberal e Nacional) tinha já garantido 87 dos 150 lugares na Câmara dos Representantes, enquanto o Labor não ia além dos 54 congressistas, menos 14 do que na anterior legislatura. Dezenas de pequenos partidos, incluindo o liderado pelo fundador da WikiLeaks Julian Assange, concorreram às legislativas, mas apenas os Verdes (um congressista) e dois independentes garantiram para já a eleição.
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Com a contagem de votos na recta final, a Coligação (como é designada a aliança que junta os partidos Liberal e Nacional) tinha já garantido 87 dos 150 lugares na Câmara dos Representantes, enquanto o Labor não ia além dos 54 congressistas, menos 14 do que na anterior legislatura. Dezenas de pequenos partidos, incluindo o liderado pelo fundador da WikiLeaks Julian Assange, concorreram às legislativas, mas apenas os Verdes (um congressista) e dois independentes garantiram para já a eleição.
Foi um resultado menos mau para os trabalhistas do que as projecções à boca das urnas faziam prever, mas o partido acabou por limitar ao mínimo as perdas em Queensland (Nordeste), o estado natal do primeiro-ministro, Kevin Rudd, e manter círculos decisivas na região de Sydney.
“Estas foram eleições que o Governo perdeu, mais do que eleições ganhas pela oposição”, disse à Sky News Austrália o antigo primeiro-ministro trabalhista, Bob Hawke, lembrando que ainda em Junho, há menos de três meses, Julia Gillard perdeu para Rudd a liderança do partido e do Governo, após duras trocas de acusações e guerras de bastidores. Rudd pagava na mesma moeda o golpe palaciano de 2010, quando que a então “número dois” o afastou numa votação idêntica, alegando que a sua impopularidade ditaria a derrota do partido nas legislativas desse ano — que o Labor viria a ganhar, ainda que sem maioria no Parlamento.
Rudd não conseguiu repetir o feito e, horas depois do fecho das urnas, reconhecia a derrota e anunciava que não se vai recandidatar à liderança do Labor. “Os australianos merecem um novo começo” da oposição, disse o antigo diplomata, fluente em Mandarim, que conseguiu, ainda assim, reeleger-se para a Câmara dos Representantes.
Pouco depois, Abbott surgia perante uma multidão jubilante de apoiantes para dar por encerrado o capítulo da instabilidade. “Hoje os australianos declararam que o direito de governar este país não pertence a Rudd, a mim, ao partido dele ou ao meu, pertence aos australianos”, disse o líder conservador. Ele, que durante anos foi mais conhecido por gaffes, tomadas de posição polémicas e tiradas sexistas, promete agora formar “um Governo competente e de confiança”.
Ao país, que foi a votos preocupado com as consequências económicas do fim anunciado do boom da indústria mineira, Abbott voltou a prometer um superavit das contas públicas dentro de poucos anos, um bloqueio marítimo para travar o aumento da imigração ilegal, e a abolição das taxas sobre o lucro das empresas mineiras e sobre as emissões de carbono (a que sempre se opôs, com o apoio da indústria).
Mas se Abbott pode contar com uma confortável maioria no Parlamento, os resultados já conhecidos da votação para o Senado (onde apenas metade dos lugares foi a votos) indicam que a Coligação não deverá conseguir maioria, prevendo-se que os Verdes continuem a decidir sobre o equilíbrio de forças e, com isso, bloquear a abolição das taxas sobre os grandes poluentes. Os resultados finais das eleições para a câmara alta, decididas num complexo sistema de voto proporcional, só devem ser conhecidos dentro de uma semana.