Tóquio voltará a ser palco dos Jogos Olímpicos, 56 anos depois

Votação do Comité Olímpico Internacional atribuiu à capital japonesa a organização dos Jogos Olímpicos de 2020. Dúvidas quanto à política antidoping espanhola ditaram resultado muito negativo para Madrid.

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Tendo acolhido os Jogos Olímpicos pela primeira vez em 1964 (já fora escolhida para 1940, mas o evento foi cancelado por causa da II Guerra Mundial), Tóquio vai receber a competição pela segunda vez. Entre 2018 e 2020, a Ásia estará no centro do desporto mundial: Pyeongchang, na Coreia do Sul, acolhe os Jogos de Inverno, e Tóquio recebe os de Verão.

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Tendo acolhido os Jogos Olímpicos pela primeira vez em 1964 (já fora escolhida para 1940, mas o evento foi cancelado por causa da II Guerra Mundial), Tóquio vai receber a competição pela segunda vez. Entre 2018 e 2020, a Ásia estará no centro do desporto mundial: Pyeongchang, na Coreia do Sul, acolhe os Jogos de Inverno, e Tóquio recebe os de Verão.

Na hora de decidir, os elementos do COI optaram pela segurança que a candidatura japonesa oferecia. A vitória de Tóquio é inquestionável (60-36), ainda que menos folgada do que a obtida pelo Rio de Janeiro para 2016 (66-32). Os trunfos da candidatura japonesa residiam principalmente no aproveitamento das estruturas existentes, num projecto coeso que prevê ter 85% dos recintos num raio de oito quilómetros em redor da aldeia olímpica.

O acidente nuclear que ocorreu em Fukushima na sequência do terramoto e tsunami de Março de 2011 levantou algumas dúvidas em torno das hipóteses de sucesso da candidatura de Tóquio, mas as garantias do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, convenceram os elementos do COI: “Permitam-me assegurar-vos que a situação está controlada e que não teve, nem nunca terá um impacto sobre Tóquio”, disse. Depois de ser eliminada à segunda de três votações na corrida para os Jogos 2016, Tóquio apresentou um projecto orçado em 2,6 mil milhões de euros que convenceu os votantes.

Istambul ameaçou uma surpresa, ao bater Madrid no desempate da primeira votação. Mas não teve argumentos para contrariar o favoritismo de Tóquio. Na apresentação final, a candidatura turca procurou afastar as desconfianças motivadas pelos incidentes na praça Taksim e também pela proximidade com a Síria: “[Escolher Istambul] seria enviar uma mensagem forte ao resto do mundo e aos nossos vizinhos que precisam de paz”, sublinhou o primeiro-ministro Recep Erdogan. Só que não será ainda em 2020 que uma cidade do mundo muçulmano acolhe os Jogos.

Quanto a Madrid, protagonizou uma quarta candidatura mal sucedida (1972, 2012, 2016 e agora 2020). Após ficar igualada com Istambul na primeira ronda, a capital espanhola foi afastada no desempate, por apenas quatro votos (45 contra 49), somando a terceira desilusão consecutiva. Mas este resultado foi particularmente negativo para Madrid — em 2009, na votação para os Jogos de 2016, tinha chegado à última ronda e apenas na final a capital espanhola perdeu para o Rio de Janeiro (32 contra 66 votos). Já em 2005, na escolha do anfitrião para 2012, Madrid superara duas votações, antes de cair na terceira e penúltima ronda.

Mais uma vez, não houve festa em Espanha. O optimismo que se respirava no seio da candidatura madrilena não teve reflexo na votação por parte dos elementos do COI. Isso foi perceptível após a apresentação final de Madrid, recebida em Buenos Aires com muitas questões relacionadas com o combate ao doping em Espanha. Em reacção à eliminação precoce, o ex-atleta Fermín Cacho, campeão olímpico dos 1500m em Barcelona 1992 e membro da candidatura, falou na rede social Twitter em “decepção e injustiça”. “Desolação total. Madrid e Espanha não mereciam este desenlace”, escreveu.