Putin diz que ataque na Síria sem autorização da ONU será "uma agressão"
A Comissão de Relações Externas do Congresso aprovou intervenção na Síria. Votação será para a semana.
"Se há provas de que foram usadas armas químicas, e que foi o exército regular que as usou, estas provas devem ser apresentadas ao Conselho de Segurança das Nações Unidas. E devem ser convicentes", disse Putin, citado pela Reuters.
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"Se há provas de que foram usadas armas químicas, e que foi o exército regular que as usou, estas provas devem ser apresentadas ao Conselho de Segurança das Nações Unidas. E devem ser convicentes", disse Putin, citado pela Reuters.
Acrescentou logo de seguida que a Rússia "está pronta para agir de forma decisiva" se essas provas forem mostradas e forem claras sobre quem as usou.
Neste jogo de força entre Washington e Moscovo (onde o Governo é um aliado de Assad, acusado pelos EUA de ter usado armas químicas contra a população), Putin também fez cedências. A estação de televisão France 24 avançava nesta quarta-feira que o Presidente russo decidiu cancelar o envio dos componentes do sistema de defesa anti-aéreo S-300 para Damasco, esperando que, do lado dos EUA, se faça um compasso de espera enquanto se reúnem dados sobre o ataque com armas químicas que matou, a 21 de Agosto, 1420 pessoas nos arredores de Damasco, de acordo com números dos EUA.
"Se verificarmos que as normas internacionais estão a ser violadas, pensaremos em como agir no futuro, em especial no que diz respeito ao fornecimento de armas sensíveis a certas regiões do mundo", disse Putin a um canal de televisão russo.
Hollande aguarda
Em França, o Presidente socialista François Hollande, até aqui o aliado mais comprometido com uma intervenção armada, fez saber que vai aguardar até ter informações mais completas antes de falar ao país, anunciando se participa ou não na intervenção armada, que o Presidente americano, Barack Obama, já fixou - será a partir de 9 de Setembro.
A France 24 relatava que Hollande ficou mais convencido da culpa de Assad depois de ler a entrevista que o sírio deu ao jornal Le Figaro, mas vai aguardar por mais dados dos investigadores das Nações Unidas. O Parlamento britânico chumbou o envolvimento do reino no ataque que se destinará a aniquilar a cúpula do poder em Damasco. Na terça-feira, o secretário de Estado americano, John Kerry, disse no Congresso de Washington que não se trata de uma guerra mas de um ataque aéreo punitivo: "Deixem-me ser claros. O Presidente Obama já disse que os EUA não vão entrar em guerra com a Síria. Não é isso que vai acontecer".
Obama luta para convencer os americanos que estão cépticos sobre esta intervenção. Por isso, tem apostado também por uma campanha de relações públicas (junto da opinião pública e do Congresso) sobre o tema e até Henry Kissinger, que foi secretário de Estado entre 1973 e 1977 (e recebeu um Prémio Nobel da Paz, como Obama) foi envolvido. Disse que será "catastrófico" não agir contra Damasco e que é contra a natureza dos EUA não o fazer. "Mostraria um grau de disfuncionalidade da nossa política e isso seria muito infeliz".
O comité de relações externas do Congresso acabaria por aprovar, na terça-feira (madrugada de quarta em Lisboa) uma moção de apoio ao uso da força por parte dos EUA contra o regime de Assad. Falta agora a votação alargada por todos os congressistas, o que acontecerá na semana que vem. A ser aprovada, avançava a CNN, fixará um prazo de 60 dias para os bombardeamentos terem lugar.
Putin não exclui acção
Putin esclareu que não é contra uma acção na Síria, mas desde que fique provado "para além de todas as dúvidas" que foi o regime de Assad quem usou as armas químicas que mataram as pessoas cujas fotografias foram divulgadas em todo o mundo. Relatórios das Nações Unidas sobre o uso destas armas anteriormente, sobretudo na cidade de Alepo, tinham deixado dúvidas sobre a origem dos ataques, com as suspeitas a recaírem em Assad mas também em grupos de combatentes que participam na guerra civil síria.
A intervenção militar americana será discutida na cimeira do G20 que decorre a partir de quinta-feira em São Petersburgo, na Rússia, sendo que o caso Edward Snowden (que revelou segredos da espionagem americana e a quem a Rússia concedeu asilo político) perturbou as relações EUA-Rússia e fez cancelar a cimeira que estava marcada entre Obama e Putin.
Os países da região, Líbano, Jordânia, Turquia e Irão, esses reúnem-se nesta quarta-feira nas Nações Unidas na Suíça para avaliarem o impacte de uma possível intervenção militar americana na já muito frágil região.