Flávio Nunes tem 18 anos e quer ganhar a câmara de Tomar
"Sou a expressão do descontentamento!", afirma Flávio Nunes, candidato do Movimento Partido da Terra às autárquicas
Para a maioria dos estudantes do curso de Comunicação Social da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, que Flávio frequenta, o ano começará da maneira habitual. Quanto a Flávio, o jovem candidato independente à câmara de Tomar, apoiado pelo Movimento Partido da Terra (MPT), a história poderá ser outra.
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Para a maioria dos estudantes do curso de Comunicação Social da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, que Flávio frequenta, o ano começará da maneira habitual. Quanto a Flávio, o jovem candidato independente à câmara de Tomar, apoiado pelo Movimento Partido da Terra (MPT), a história poderá ser outra.
“Se conseguir chegar a presidente tenho que reprogramar a minha vida; claro que algo assim muda a vida de uma pessoa!”, conta ao P3, com um misto de boa disposição e confiança na voz. E acrescenta: “Na primeira vez que vou votar, sou logo candidato! (risos)”. Flávio completa 19 anos logo no dia seguinte ao acto eleitoral. (Há um outro candidato de 18 anos nestas autárquicas: Fernando Teixeira, candidato da CDU à Câmara de Valpaços).
Colaborador desde os 12 anos na Rádio Cidade Tomar, o candidato tem agora o seu próprio programa aos Sábados à noite. Também é escuteiro e fundador de um site de notícias. Um dos seus sonhos é escrever um registo histórico sobre a sua freguesia, a Asseiceira. Quanto à política, não tem grandes referências, nem experiência, mas considera isso um ponto a seu favor. A sua lista, com uma média de idades de 23 anos, é constituída por amigos e familiares (a mãe surge como suplente e o pai como mandatário).
“Fomentar a criação de uma incubadora de empresas”, “lutar pela rentabilização do centro histórico” ou “criar ciclovias e hortas biológicas” são algumas das suas propostas para o concelho. O mote da candidatura é o acrónimo da palavra Tomar: trabalhar, organizar, mobilizar, agir, rentabilizar.
Porquê esta candidatura?
Tive a ideia de me candidatar porque acho que só podemos mudar algo se agirmos. Não basta dizer que as coisas estão mal. Tomar tem condições únicas, recursos únicos. Por exemplo, tem monumentos fantásticos, há ensino superior, há gente qualificada. Senti que devia avançar no “1.º Congresso de Tomar”, onde assisti à intervenção do José Gomes Ferreira [jornalista da SIC], que incentivava os tomarenses a fazer algo.
O que te motiva a quereres integrar uma classe tão desacreditada com a da política?
Passa mesmo por aí. Se a classe política está tão desacreditada é preciso sangue novo. Nunca estive em nenhuma juventude partidária, nunca bebi desta água, por isso até vejo o facto de não ter experiência como um ponto a meu favor.
Como interpretas a Lei da Limitação dos Mandatos? É necessária uma renovação?
Sim, sem dúvida. As pessoas estão descontentes. Se perguntarem em Tomar, isso vê-se no rosto de cada um. Talvez eu seja essa chave. Talvez seja por isso que as pessoas vêem qualquer coisa em mim - sou a expressão do descontentamento. Algumas pessoas dão-me os parabéns e dizem que devia haver mais candidaturas como esta.
Porquê o MPT?
Informei-me sobre qual seria o melhor partido para me associar e identifiquei-me com os ideais daquele, ecológicos e humanistas. Depois contactei-os. Desde o início que me apoiaram.
Como respondes às acusações de nunca teres trabalhado ou poderes não ter maturidade e experiência de vida suficiente?
Quem me conhece e está por dentro daquilo que eu faço, sabe bem quem eu sou. Colaboro com a minha rádio local desde os 12 anos, desde 2006. Agora tenho o meu próprio programa de variedades. Se me abriram esta porta é porque viram que eu tinha valor. Eu tenho ideias e quero fazer alguma coisa. Se as pessoas se informarem sobre aquilo que eu sou, sobre o que eu faço e sobre o que propomos, as pessoas vão perceber que isto não é uma brincadeira de crianças e de adolescentes e que estamos aqui para valer.
Quais são as tuas referências pessoais?
Jesus Cristo, o Papa… e o meu irmão. Tem 11 anos e possui uma deficiência cognitiva que nunca foi diagnosticada. É a pessoa que mais admiro, pela força e alegria.
Quais as tuas expectativas em relação à candidatura?
Já consegui várias vitórias, só a parte de me candidatar já é uma vitória! Mas se me candidatei, o que espero é chegar a liderar a Câmara de Tomar! E como não tenho conhecimento de sondagens no concelho, porque não? Prognósticos só no final do jogo. (risos)
Como é ser jovem em Portugal? Já consideraste emigrar?
Para mim, emigrar está fora de questão. Gosto do meu país e da minha língua. Nem sequer penso em sair da aldeia onde vivo. Foi aqui que eu nasci e aqui que vou ficar, se for possível. Se as pessoas com boas ideias saírem todas, Portugal fica sem gente jovem para construir, para levar as coisas adiante! Mas sem dúvida que vejo muita juventude sem rumo, sem luz para os iluminar. Eu pretendo ser essa luz.