Autárquicas 2013: big party famosos
É a festa das mentiras, dos insultos, dos golpes baixos. Há rasteiras, ameaças, vandalismo. Há quem trabalhe no erro, quem explore o passado dos rivais. O povo ri, beija-os a todos, promete a todos um voto
Acontecia em muitas festas nas décadas de 70 e 80. Um conjunto de cadeiras, com os assentos voltados para fora, formavam um círculo. E o número de participantes era sempre superior ao número de cadeiras. Quando a música parava, todos tentavam a sorte de conseguir um lugar sentado. Os restantes eram eliminados.
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Acontecia em muitas festas nas décadas de 70 e 80. Um conjunto de cadeiras, com os assentos voltados para fora, formavam um círculo. E o número de participantes era sempre superior ao número de cadeiras. Quando a música parava, todos tentavam a sorte de conseguir um lugar sentado. Os restantes eram eliminados.
Na política não é diferente. E já se ouve nas ruas a música das autárquicas, anunciando mais uma intensa e disputada luta por um lugar sentado. Um lugar que, a correr bem, pode valer mais de uma década de “exposição solar” e, quem sabe, convites para outros voos. E a coisa não deve ser assim tão desinteressante, a ver pelos rostos famosos que de Norte a Sul vão pintando os outdoors nas principais cidades e capitais de distrito.
Do estreante Rui Moreira (Porto), passando pelos profissionais do debate Ilda Figueiredo (Viana) ou Luís Fazenda (Sintra), a lista é vasta e revela muitos “dançarinos” experientes. Ribau Esteves dança em Aveiro, Guilherme Aguiar e Carlos Abreu Amorim em Gaia, Almeida Henriques em Viseu. Em Lisboa dança Fernando Seara, directamente do baile de Sintra. José Mota regressa ao bailarico de Espinho.
E a lista não termina. Até nas juntas há ilustres, como Renato Sampaio, que brilhava nas “pistas” da federação do PS Porto e que agora “actua” pelo agrupamento de freguesias do centro histórico da Invicta. Ou João Pinto, exímio dançarino dos relvados, que também no Porto tenta a sorte por Campanhã. É um baile infernal, de reposicionamento das peças no grande tabuleiro da nação. Dos altifalantes ouve-se a voz imaginária: “Quem ficar de fora não desanime. Há mais bailes em breve para empresas públicas, fundações, conselhos de administração de privadas, cotadas e afins”.
E o povo aplaude. Agradece os bonés, as "t-shirts", os pins. Pede mais dois para a filha que não veio, mas que promete o seu voto. Reclama contra a redução de presentes face a 2009 e ameaça que vota no outro, pedindo mais um beijo ao candidato suado. É a festa dos profissionais da festa: dos que dançam e dos que vêem dançar. Dos que dizem mal dos políticos mas que não deixam de o ser; dos que dizem mal dos políticos mas que não deixam de os querer.
É a festa das mentiras, dos insultos, dos golpes baixos. Há rasteiras, ameaças, vandalismo. Há infiltrados, há quem pague informações, há quem as venda. Há quem trabalhe no erro, quem explore o passado dos rivais. O povo ri, beija-os a todos, promete a todos um voto, o mesmo que prometeu ao outro. Pena não ter mais. A festa já começou e a música só pára a 29. Até lá batem-se palmas, fazem-se manchetes, abrem-se telejornais, contratam-se bandas, mente-se em debates, juram-se os impossíveis, promete-se o que não se pode, vive-se a festa brava da política nacional. Agora também na versão Famosos. Não perca!