Artwear, design português nos museus do mundo

Canecas, chávenas, lápis, capas de iPhone e de iPad, borrachas, sacos, t-shirt’s, chapéus-de-chuva, leques, magnéticos, marcadores de livros e tapetes para rato de computador

Foto
Cadernos 2013 DR

Quem visitar o Museu d’Orsay, em França, ou vier a fazê-lo nos próximos cinco anos, e comprar objectos de “merchandising” de arte, é muito provável que adquira produtos integralmente desenhados e produzidos em Portugal.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Quem visitar o Museu d’Orsay, em França, ou vier a fazê-lo nos próximos cinco anos, e comprar objectos de “merchandising” de arte, é muito provável que adquira produtos integralmente desenhados e produzidos em Portugal.

Canecas, chávenas, lápis, capas de iPhone e de iPad, borrachas, sacos, t-shirt’s, chapéus-de-chuva, leques, magnéticos, marcadores de livros e tapetes para rato de computador contam-se entre os produtos de uma linha desenhada, concebida e produzida para este museu, ao abrigo de uma parceria entre o proprietário de uma loja de arte e uma empresa de design, ambas com sede em Lisboa, disse à agência Lusa o proprietário da marca, Luís Pilar.

“Cem por cento desta linha é feita em Portugal, tudo é produzido em Portugal, o que é muito importante para o nosso projecto”, sublinhou Luís Pilar. O projecto com o Museu d’Orsay resulta de um desafio lançado pela empresa pública francesa Réunion des Musées Nationaux (RMN), depois de ter visto o trabalho que a loja e a empresa de design desenvolveram para a exposição de Joana Vasconcelos, em 2012, no Palácio de Versalhes, em Paris, acrescentou Luís Pilar.

Foto

O fornecimento dos produtos foi contratualizado por cinco anos, vigorando até 2017, e a encomenda inicial, “muito significativa”, rondou os 160 mil euros, afirmou, acrescentando que, depois do fornecimento inicial, o museu já pediu mais de mil t-shirt’s. O tema base para o projecto foi fornecido pelo Museu (“A modernidade”), tendo, para o efeito, cedido três obras chave do seu acervo: uma do impressionista Claude Monet (“Campo de papoilas”) e duas dos pós-impressionistas Paul Gauguin (“Arearea”) e Vincent Van Gogh (um autorretrato).

Foto
Baralhos de cartas Joana Vascondelos DR

Com o “cartão-de-visita” desenvolvido para o Museu d´Orsay, Luís Pilar e o “designer” Duarte Lukas procuraram outros museus, confiantes na “qualidade do produto”, com vista à expansão do negócio. “Tem sido bastante fácil, abordarmos os museus”, disse o proprietário da Artwear, acrescentando estarem já a desenvolver projectos para os museus Prado e Thyssen, na capital espanhola, para a Tate Gallery e para o British Museum, em Londres, Reino Unido, além de estarem em “negociações avançadas” com o Museu Van Gogh, de Amesterdão.

Para a Tate vão produzir uma linha completa de produtos, ainda por definir, para uma exposição temporária de Matisse, enquanto para o Thyssen já fizeram uma linha completa para uma exposição temporária do impressionista Camille Pissarro, e estão a começar a produzir uma nova linha baseada num quadro de Salvador Dalí.

Questionado sobre a produção para o mercado português, Luís Pilar respondeu pela positiva, embora tivesse acrescentado que se trata de trabalhos mais pontuais. “Aqui funcionamos mais como distribuidores, pois o mercado português não tem escala como aqueles museus estrangeiros”.

Série "Fernando Pessoa", de Júlio Pomar

Uma linha completa baseada nos desenhos da série “Fernando Pessoa”, de Júlio Pomar, com têxteis, cadernos, chávenas de café e canecas, entre outros, vai começar a ser comercializada em Portugal, em Setembro, indicou o proprietário da loja de arte. Expandir o negócio além-fronteiras é agora o objectivo de Luís Pilar, que pretende chegar “aos 50 maiores museus europeus”. Para tal vão estabelecer uma parceria com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), que os irá auxiliar a penetrar no mercado estrangeiro, a começar por Espanha.

Duarte Lukas, o gráfico da parceria com a Artwear, admitiu ser mais fácil produzir para o estrangeiro do que para Portugal. O facto de “o mercado português não ter a mesma dimensão faz toda a diferença”, acrescentou. “Cá somos muito complicados e é muito difícil entrar nos sítios, ao contrário do que aconteceu com a Tate, a quem mandámos o portfólio e duas horas depois tínhamos uma reunião marcada”, concluiu Duarte Lukas.