Peritos da ONU visitam na segunda-feira locais dos supostos ataques químicos na Síria
EUA com "muito poucas dúvidas" de que regime de Assad usou armas químicas.
O anúncio foi feito através de um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros, lido neste domingo na televisão estatal, e chega depois de fortes pressões, tanto dos países ocidentais como dos seus aliados, para que autorizasse os peritos em armas químicas a visitar a zona.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O anúncio foi feito através de um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros, lido neste domingo na televisão estatal, e chega depois de fortes pressões, tanto dos países ocidentais como dos seus aliados, para que autorizasse os peritos em armas químicas a visitar a zona.
"Um acordo foi concluído hoje [domingo] entre o Governo sírio e as Nações Unidas durante a visita da Alta Representante da ONU para o Desarmamento, Angela Kane, para permitir que a equipa da ONU dirigida pelo professor Aake Sellström de investir as alegações de uso de armas químicas na província de Damasco", adianta a nota, sublinhando que o acordo "entre em vigor imediatamente".
Pouco depois, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, anunciou que a deslocação vai acontecer já nesta segunda-feira e que o Presidente Bashar al-Assad deu garantias de que as suas forças vão respeitar um cessar-fogo nos subúrbios de Damasco enquanto a missão estiver no terreno.
Sábado à noite, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, falou ao telefone com o Presidente dos EUA, Barack Obama, e no final um comunicado de Downing Street revelou que os dois dirigentes “reiteraram que o uso significativo de armas químicas mereceria uma resposta grave da comunidade internacional e ambos pediram” aos seus conselheiros que “analisem todas as opções”, diz um comunicado emitido pelo gabinete do primeiro-ministro britânico.
Sem atribuir responsabilidades, a organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras revelou, também ontem, que três hospitais com os quais colabora na Síria receberam quarta-feira, três horas depois dos supostos ataques com armas químicas nos arredores de Damasco, mais de 3600 pessoas com sintomas neurotóxicos, das quais 355 acabaram por morrer.
Já neste domingo, um responsável da Administração norte-americana, que falou à Reuters sob condição de anonimato, disse que os Estados Unidos "têm muito poucas dúvidas de que armas químicas foram usadas pelo regime sírio contra civis". Pouco depois, o porta-voz da diplomacia russa, Alexandre Lukachevitch, elogiou o passo dado por Damasco e pediu que ninguém cometa "o erro trágico" de tentar impor conclusões aos peritos da ONU.
O regime de Bashar Al-Assad não nega que civis tenham morrido, mas desmente qualquer responsabilidade no ataque. Sábado, a imprensa oficial acusou os rebeldes de terem usado agentes tóxicos contra soldados durante combates em Jobar, um dos bairros que a oposição diz ter sido atacado na madrugada de quarta-feira, e a televisão mostrou imagens do que diz serem os químicos encontrados "num túnel usado por terroristas".