Jerónimo enaltece exemplo de Cunhal para actual luta contra a austeridade
"Vivências e valores que passarão de pais para filhos e que jamais se apagarão, como bem se vê no entoar de ‘Grândola, Vila Morena' que as simboliza, nas lutas que hoje se travam contra a política de austeridade e destruição, impostas pelas troikas nacional e estrangeira ao povo português e ao país", afirmou Jerónimo de Sousa.
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"Vivências e valores que passarão de pais para filhos e que jamais se apagarão, como bem se vê no entoar de ‘Grândola, Vila Morena' que as simboliza, nas lutas que hoje se travam contra a política de austeridade e destruição, impostas pelas troikas nacional e estrangeira ao povo português e ao país", afirmou Jerónimo de Sousa.
O líder comunista discursou na muito concorrida apresentação da fotobiografia de Cunhal, no Lyceu Camões, em Lisboa, cujo auditório foi pequeno para acolher mais de meio milhar de pessoas, divididas pelas coxias e galerias.
"Estar onde estão as massas, trabalhar e aprender com elas e com elas agir na defesa dos seus interesses, foi a palavra de ordem que então se impôs e que hoje mantém toda a actualidade, particularmente quando assistimos à mais brutal ofensiva contra as conquistas que são o resultado da luta de gerações de trabalhadores e se impõe pôr fim a uma política, a um pacto de agressão e a um Governo de desastre nacional", disse.
Álvaro Cunhal, falecido em 13 de Junho de 2005, com 92 anos, nasceu em Coimbra a 10 de Novembro de 1913, comemorando-se este ano o seu centenário. O ex-líder do PCP foi detido pela polícia política em 1949 e passou toda a década de 1950 preso, conseguindo fugir da prisão de Peniche em 1960. Eleito secretário-geral comunista em 1961, abandonou o cargo em 1992, sucedendo-lhe Carlos Carvalhas.
"(Esta obra) revela-o na plenitude e diversidade da sua vida, intervenção política, como militante e dirigente, estadista, intelectual, ensaísta, criador literário, artista plástico, teorizador de arte, mas igualmente nas suas relações mais íntimas e pessoais, como filho, pai, irmão, companheiro que amou os seus com a mesma intensidade com que foi amado", sublinhou Jerónimo de Sousa.
O actual deputado do PCP destacou a "contribuição decisiva" de Cunhal para a construção daquele partido e das suas bases programáticas até ao presente documento aprovado no último congresso "Uma Democracia Avançada, valores de Abril no futuro de Portugal".
"Um programa para responder aos problemas de desenvolvimento do país na actual etapa histórica, parte integrante e constitutiva da luta pelo socialismo e cuja realização é indissociável da luta que hoje travamos pela concretização da rotura com a política de direita e a materialização de uma política patriótica e de esquerda", defendeu.
Para Jerónimo de Sousa, após apresentada a obra que conta com mais de 800 imagens, 260 das quais documentos como desenhos, pinturas e ilustrações ao longo de 10 capítulos, "o que transparece é a força das convicções e do ideal que Álvaro Cunhal afirmou ao longo de uma vida toda, de uma luta inteira, o ideal comunista".