CIA confirma participação no golpe de Estado iraniano de 1953
Documentos tornados públicos ao fim de 60 anos descrevem a acção como um "acto de política externa dos EUA" e fazem referências à participação britânica.
Mossadegh, eleito democraticamente em 1951, tornara-se popular no Irão por ter nacionalizado a exploração petrolífera, que tinha estado em mãos britânicas durante quatro décadas, através da Anglo-Iranian Oil Company, numa acção que enfureceu o então primeiro-ministro britânico, Winston Churchill. O objectivo do golpe era substituir Mossadegh e o restante executivo por um Governo mais favorável aos interesses do Ocidente.
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Mossadegh, eleito democraticamente em 1951, tornara-se popular no Irão por ter nacionalizado a exploração petrolífera, que tinha estado em mãos britânicas durante quatro décadas, através da Anglo-Iranian Oil Company, numa acção que enfureceu o então primeiro-ministro britânico, Winston Churchill. O objectivo do golpe era substituir Mossadegh e o restante executivo por um Governo mais favorável aos interesses do Ocidente.
Sessenta anos depois do golpe, os documentos foram publicados pelo Arquivo de Segurança Nacional da Universidade de George Washington. “O golpe militar que derrubou Mossadeh e o seu governo de Frente Nacional foi levado a cabo sob coordenação da CIA como um acto de política externa dos EUA, concebido e aprovado ao mais alto nível no Governo”, lê-se num dos documentos, escrito em meados da década de 1970 e que já fora antes divulgado, embora com várias partes omitidas. O golpe de Estado reinstalou no poder o Xá Mohammad Reza Pahlavi durante os 26 anos seguintes, até à revolução islâmica de 1979.
Um outro documento agora tornado público, escrito pouco depois do golpe, explica que o objectivo era usar “métodos legais, ou quase legais, para levar à queda do Governo de Mossadegh”, substituindo-o por um “Governo pró-Ocidente”. Este documento descreve várias fases de um plano que pretendia desgastar o primeiro-ministro e criar uma imagem desfavorável do governante junto da população, nomeadamente “desencantando a população iraniana em relação ao mito do patriotismo de Mossadegh, expondo a sua colaboração com os comunistas e a sua manipulação da autoridade constitucional para servir as suas próprias ambições de poder”.
Os documentos explicitam também a participação do Reino Unido. Naquele país, nota o jornal britânico The Guardian, os documentos são secretos e o Ministério dos Negócios Estrangeiros disse ao jornal que não podia confirmar nem desmentir o envolvimento inglês. O Guardian lembra, porém, que há quatro anos o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Jack Straw, então já fora do cargo, se tinha referido publicamente a “interferências” britânicas no Irão durante o século XX.