Paredes de Coura: dança e aeróbica de protesto

Na terceiro dia do festival, os The Vaccines não desanimaram nem surpreenderem, os Hot Chip aqueceram a noite e o espectáculo visual dos The Knife não deixou ninguém indiferente

Foto
Paulo Pimenta

No terceiro dia do Vodafone Paredes de Coura, um anfiteatro bem composto recebeu os britânicos Everything Everything, a quem coube a responsabilidade de abrir o palco principal. A banda, que conta com dois álbuns de estúdio e que no início deste ano ganhou visibilidade com o lançamento de “Arc”, deixou o público agarrado à sua actuação que arrancou com o contagiante single “Cough Cough”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

No terceiro dia do Vodafone Paredes de Coura, um anfiteatro bem composto recebeu os britânicos Everything Everything, a quem coube a responsabilidade de abrir o palco principal. A banda, que conta com dois álbuns de estúdio e que no início deste ano ganhou visibilidade com o lançamento de “Arc”, deixou o público agarrado à sua actuação que arrancou com o contagiante single “Cough Cough”.

Metade da audiência sentada na relva e outra metade em pé assistiu a uma actuação consistente e sem falhas na qual se destaca a voz de Jonathan Higgs, visivelmente entusiasmado com a experiência de actuar no meio da natureza. A banda de rock alternativo despediu-se com “Don’t Try”, single cantado em coro com um público que conhecia e apreciava o que estava a ouvir.

Jagwar Ma, o projecto de Gabriel Winterfield e Jono Ma, foi a banda sonora do anoitecer num recinto que se começava a preencher e que vibrou com as viagens do duo australiano do synthpop ao rock psicadélico. A banda, que se estreou com o intrigante álbum "Howlin", muito bem recebido pela crítica, pôs a audiência a dançar e elevou a fasquia para o que se seguia.

Foto
Hot Chip Paulo Pimenta

A difícil tarefa coube aos londrinos The Vaccines que rapidamente encheram o anfiteatro. O público levantou os braços ao som de “A Lack Of Understanding”, uma das faixas do primeiro álbum de estúdio da banda, e assim continuou em “What Did You Expect from The Vaccines?” — o pedido de Justin Young para o público pôr as mãos no ar em “Wetsuit” foi absolutamente desnecessário porque a audiência tinha, desde o princípio, aderido à dinâmica de braços e palmas que o ritmo do grupo exigia. Sem se desviar dos temas mais conhecidos, e num concerto muito "easy listening" que sem desanimar também não surpreendeu, a banda cantou com o público temas como “Post Break-up Sex”, “If You Wanna” e “Norgaard”, apresentando pelo caminho um novo single, “Melody Calling”, que também mereceu o aplauso da audiência.

Foto
The Vaccines Paulo Pimenta

Aeróbica de protesto

Pouco antes das 23h, os também britânicos Hot Chip aqueceram a noite que começava a arrefecer no festival minhoto. Com sete membros em cima do palco, a banda com 13 anos de experiência não deixou o público descansar e a relva do anfiteatro sentiu o peso de muitos passos de dança. O inconfundível Alexis Taylor seduziu a audiência e a banda despediu-se com “I Feel Better”, single do álbum “One Life Stand” lançado em 2010, o que permitiu ao público entoar com entusiasmo “this is the longeeeest night”.

Já passava da meia-noite quando os suecos The Knife, num aquecimento para o que iria ser a sua actuação, levaram ao palco principal uma aula de aeróbica que mereceu a adesão de milhares de festivaleiros. Em massa, o público gritou frases como “I am still alive and I am not afraid to die” e já se suava no recinto antes do verdadeiro arranque da banda. Numa introdução demasiado longa para o avançado da hora, o início do espectáculo contrastou com a aeróbica de protesto que o antecedera — quem achava que ia dançar, estava absolutamente enganado. O som e encenação coreográfica que nos levavam o pensamento até rituais satânicos evoluiu depois para uma batida mais tribal que manteve uma audiência pouco dançante no palco principal.

Um espectáculo visual que, quer se goste da parte musical ou não, não permite a indiferença do olhar.

Esta sexta-feira há mais música em Paredes de Coura e, estreado o palco principal com bandas e actuações de qualidade, há mais espaço e tempo para usufruir dos palcos secundários.