Coimbra entra no ranking mundial das 500 melhores universidades

Lisboa melhora classificação. Portugal passa a ter quatro universidades no Ranking de Xangai, “o mais influente e badalado” do mundo

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A Universidade de Coimbra aparece pela primeira vez no ranking nesta edição de 2013 Carla Carvalho Tomás

Como lhe chama António Nóvoa, o ex-reitor da Universidade de Lisboa, este “é de longe o mais influente e badalado” ranking de universidades, apesar de todas a críticas que lhes são feitas.

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Como lhe chama António Nóvoa, o ex-reitor da Universidade de Lisboa, este “é de longe o mais influente e badalado” ranking de universidades, apesar de todas a críticas que lhes são feitas.

A edição de 2013 pode ser consultada no site http://www.shanghairanking.com/ARWU2013.html. O topo é, como sempre, dominado pelas universidades norte-americanas, com as universidades de Harvard, Stanford e da Califórnia nos três primeiros lugares. O Massachusetts Institute of Technology (MIT) desceu uma posição em relação a 2012 e é agora quarto. A Universidade de Cambridge é a primeira europeia a aparecer - em 5.º lugar.

Até à edição de 2011, havia no ranking das 500 melhores do mundo apenas duas universidades portuguesas: Porto e Lisboa. Em 2012, entrou também a Técnica de Lisboa. Para este ano, António Nóvoa resume assim os dados mais significativos para Portugal: “A entrada, pela primeira vez, de Coimbra, e a subida, muito significativa, de Lisboa.”

A tabela publicada só discrimina as posições das instituições até ao lugar 100. A partir daí coloca-as em grandes intervalos. A Universidade do Porto e a Universidade de Lisboa aparecem ambas nas posições 301-400 (no ano passado o Porto já ocupava essa posição mas Lisboa estava no patamar abaixo, no 401-500).

A Universidade de Coimbra e Universidade Técnica de Lisboa estão ambas nos lugares que compreendem o intervalo 401-500. Dentro de cada intervalo as universidades de um mesmo país aparecem por ordem alfabética, explica Nóvoa.

O recém eleito reitor da Universidade de Lisboa, que agora integra a Técnica, congratula-se com a melhoria do desempenho da universidade lisboeta e espera que "o orçamento de Estado acompanhe esta melhoria".

António Cruz Serra diz também que acredita que a universidade que resulta da fusão da "Clássica" e da Técnica vai subir, na próxima edição, mais de cem lugares na tabela e que "deverá ficar acima da melhor universidade espanhola". Isto porque "o ranking contabiliza o conjunto dos investigadores" das duas instituições. "São boas notícias para o país."

O reitor da Universidade de Coimbra, João Gabriel Silva, afirma, por seu lado, que a entrada no ranking era esperada, mais dia, menos dia, e que esta é uma óptima notícia para a instituição. “Era o único grande ranking internacional em que não estávamos presentes.”

Aproveita também para dar os parabéns à  “Clássica” de Lisboa, pela melhoria do desempenho. E diz que estes dois factos - a entrada de Coimbra na lista e a melhoria de Lisboa - são ainda mais significativos quando o país atravessa “tantas dificuldades”.

Deixa, contudo, um alerta: estes rankings resultam do trabalho feito pelas instituições há alguns anos. “Os efeitos dos cortes orçamentais impostos às universidades ainda não se reflectem aqui.” Dá um exemplo: um dos indicadores do Ranking de Xangai é o número de citações de artigos científicos de investigadores das universidades. O que significa que os artigos são publicados e só ao fim de alguns anos reúnem um número significativo de citações. Quanto mais artigos publicados, maior a probabilidade de haver um número relevante de citações. Ora com a redução de financiamento que se tem imposto ao ensino superior, há o sério risco de se fazer menos investigação e publicar-se menos.

Em Coimbra, nos últimos três anos, o corte no financiamento público foi de cerca de 30%, diz o reitor. “E todas as instituições são tratadas por igual, independentemente dos resultados que têm. Se toda a administração pública tivesse sofrido cortes desta ordem já estávamos a pagar a dívida pública e não a aumentá-la”, afirma, lembrando que, na verdade, os cortes começaram ainda em 2005, só que não só não eram tão “violentos”, como nessa altura ainda era possível encontrar fontes de receita nos contratos com empresas. Hoje, muitas empresas estão mais preocupadas em sobreviver, nota Gabriel Silva, do que em financiar projectos.

 

Como funciona o ranking
O Ranking de Xangai começou a ser publicado em 2003 pela Universidade Jiao Tong de Xanhai, China (no intervalo 151-200), e é actualizado anualmente. Tem tal influência internacional que muitas universidades se preocupam em adoptar estratégias pensadas neste ranking e no que ele avalia.

Os avaliadores baseiam-se na análise de seis indicadores: número de alunos e professores que receberam o Prémio Nobel ou Fields Medals; número de pesquisadores citados em 21 áreas de investigação das Ciências da Vida, da medicina, física, engenharia e ciências sociais; artigos publicados na Nature e na Science; artigos internacionalmente referenciados; desempenho académico per capita.

Muitos têm questionado, contudo, a forma como os dados são recolhidos e convertidos em pontuação. Certo é que todos os anos mais de mil universidades são analisadas. E no ranking só entram as 500 que melhor se saem.

Notícia actualizada às 16h01 com reacções do reitor da Universidade de Lisboa, António Cruz Serra