Sugru: esta "plasticina" une, protege e repara "tudo"
Sapatos a precisar de ir ao sapateiro? Selim de bicicleta partido? Chaves do saxofone a dar problemas? Jane afirma que quase tudo lá em casa pode ser consertado
Parece plasticina, mas não é. Pode ser confundida com super-cola, mas é ilusão. Chama-se Sugru, é muito moldável, demora 24 horas a solidificar quando exposta ao ar, e transforma-se numa espécie de borracha resistente e flexível que pode ser usada para unir, proteger ou reparar uma série de materiais tão distintos quanto o metal ou o tecido.
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Parece plasticina, mas não é. Pode ser confundida com super-cola, mas é ilusão. Chama-se Sugru, é muito moldável, demora 24 horas a solidificar quando exposta ao ar, e transforma-se numa espécie de borracha resistente e flexível que pode ser usada para unir, proteger ou reparar uma série de materiais tão distintos quanto o metal ou o tecido.
A irlandesa Jane Ni Dhulchaointigh inventou o Sugru por uma simples, mas importante razão pessoal: “Sou o tipo de pessoa que acredita que devíamos estar a consertar. Essa é a verdadeira razão porque o inventei, porque odeio o desperdício” contou à CNN. Essa é a mensagem que Jane quer transmitir e basta olhar para os vídeos (na coluna da esquerda) para o confirmar.
Claro que não foi fácil chegar aqui, muito menos obter o financiamento necessário. A ideia surgiu-lhe enquanto estudava Design de Produt, na Royal College of Art, em Londres, em 2003, e, após anos a tentar convencer as grandes empresas da área a investir no projecto, a irlandesa esteve prestes a desistir.
Mil produtos vendidos em seis horas
O desenvolvimento demorou seis anos, com os seus altos e baixos, até que a equipa de Jane percebeu que o mundo só ia conhecer o Sugru (que, no gaélico irlandês, significa "brincar”) se ela própria o lançasse, admitiu Jane, com orgulho. Sem orçamento para uma estratégia de "marketing", o produto foi lançado online em 2009 apenas para conhecimento de alguns "bloggers" de tecnologia. Os números falam por si: em apenas seis horas vendeu os primeiros 1000 produtos.
Foi o derradeiro incentivo que precisava para perceber que tinha, de facto, uma grande ideia em mãos. Também os investidores o perceberam. A partir daí, até construírem a sua própria fábrica e a equipa de suporte necessária, tudo aconteceu muito rapidamente. Em 2010 entraram para a lista da "Time" como uma das 50 melhores invenções de 2010 (à frente do iPad!). Números da CNN indicam que em 2012 conseguiram, com uma equipa de 25 pessoas, vendas de dois mil milhões de dólares e uma base de consumidores de 100.000 de pessoas. Também abriram um escritório nos Estados Unidos, o seu maior mercado até à data.
Parte do segredo reside na relação que o consumidor estabelece com o produto. “A razão por que as pessoas falam do Sugru aos amigos e família é porque o contacto com o produto teve um significado para eles. Ora isto não queremos, definitivamente, perder tão cedo” explica ao "The Economist".
Assim, os consumidores são convidados a partilhar a experiência cada vez que descobrem uma maneira nova de reparar e/ou modificar algo, cada vez que conseguirem “hack” um novo produto, como chamam, ou não tivessem sido as redes sociais uma parte fundamental no processo de crescimento e reconhecimento deste novo produto.