Câmara de Lisboa está a tornar pedonal rua do Cais do Sodré apesar dos protestos

Os moradores dizem que não foram informados, contestam a intervenção e prometem avançar para tribunal.

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Donos dos bares reclamam quebras na facturação Miguel Manso

“Estamos completamente indignados com o que se está a passar”, diz Ana Andrade, do grupo de moradores “Nós Lisboetas”, que desde Dezembro de 2011, quando a rua foi encerrada ao trânsito, se tem oposto a esta decisão, argumentando que ela fez piorar a qualidade de vida naquela zona. “A câmara está a consagrar a rua aos bares, ao consumo de álcool, e ignora os moradores”, lamenta, criticando a “falta de gestão do espaço público”.

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“Estamos completamente indignados com o que se está a passar”, diz Ana Andrade, do grupo de moradores “Nós Lisboetas”, que desde Dezembro de 2011, quando a rua foi encerrada ao trânsito, se tem oposto a esta decisão, argumentando que ela fez piorar a qualidade de vida naquela zona. “A câmara está a consagrar a rua aos bares, ao consumo de álcool, e ignora os moradores”, lamenta, criticando a “falta de gestão do espaço público”.

Segundo Ana Andrade, desde a semana passada que a rua está em obras. “Rebaixaram os passeios e estão a levantar as tampas de esgoto, depreendemos que vão subir o piso”, afirma, acrescentando que pediu esclarecimentos ao gabinete do vereador do Espaço Público, José Sá Fernandes. “Disseram apenas que são obras de regularização do piso.”

No entanto, entre os moradores, diz-se que o piso vai ser pintado de cor-de-rosa pela segunda-vez (já tinha sido pintado em Dezembro de 2011 mas a tinta não resistiu mais do que dois meses) e que vão ser ali instalados mupis (painéis luminoso , em resultado de um apoio financeiro dado à autarquia por uma marca de bebidas.

Em Maio, o PÚBLICO noticiou que, no termo de um concurso de ideias lançado pela câmara para esta artéria, foi escolhido um projecto do atelier de arquitectura José Adrião, intitulado “Rua Rosa”. O projecto “tem como objectivo fortalecer o carácter estabelecido com a intervenção anterior, dando-lhe continuidade e ambição de maior permanência”, pode ler-se no site de José Adrião. Está prevista, segundo o projecto seleccionado, a colocação de oito mupis ao longo da rua, que podem ser utilizados para exposições de fotografia ou outras.

O PÚBLICO contactou o gabinete do vereador Sá Fernandes mas não obteve resposta. Ana Andrade reitera que os moradores nunca foram informados desta intenção da autarquia, nem mesmo nas reuniões do grupo de trabalho criado para discutir medidas de melhoria das condições de vida no Cais do Sodré e Bairro Alto. As conclusões deste grupo de trabalho foram apresentadas em Julho e o assunto não consta do relatório.

Também o movimento cívico Fórum Cidadania Lisboa dirigiu já uma carta de protesto ao vereador José Sá Fernandes criticando a nova “investida” na Rua Nova do Carvalho. Os signatários consideram que a autarquia está “apostada em fazer do Cais do Sodré, São Paulo e Corpo Santo uma réplica do Bairro Alto enquanto Meca II da animação nocturna (…) sem qualquer preocupação pela vida dos respectivos moradores”.

Já em Janeiro, o anterior Provedor de Justiça, Alfredo José de Sousa, tinha enviado uma carta à câmara questionando se os interesses dos moradores foram tidos em conta na decisão de cortar a Rua Nova do Carvalho ao trânsito.