Mais de 670 mil trabalhadores em Espanha aceitaram congelar salário

Reforma laboral deu mais poder de negociação às empresas, abrindo a porta a uma descida da variação salarial.

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Os acordos colectivos abrangem 269.123 empresas em Espanha Andrea Comas/Reuters

Até Julho, 28% dos trabalhadores abrangidos por processos de negociação colectiva tinham aceitado congelar o seu salário em 2013. São 671.739 os trabalhadores nesta situação, mais de um quarto dos 2,4 milhões contabilizados nas estatísticas das convenções colectivas que cobrem os diferentes sectores da economia espanhola.

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Até Julho, 28% dos trabalhadores abrangidos por processos de negociação colectiva tinham aceitado congelar o seu salário em 2013. São 671.739 os trabalhadores nesta situação, mais de um quarto dos 2,4 milhões contabilizados nas estatísticas das convenções colectivas que cobrem os diferentes sectores da economia espanhola.

Com isto, a progressão salarial média do total de 2,4 milhões abrangidos pela negociação colectiva baixou para 0,65%, quando, um ano antes, esse valor se situava em 1,6%, lembra o diário espanhol El País. Os dados do Ministério do Emprego dizem respeito a 269.123 empresas, num total de 904 contratos de negociação colectiva.

Ao todo, cerca de 1,7 milhões tiveram um aumento de ordenado, a maioria dos quais uma subida média de 0,6% (1,2 milhões). Há ainda 6320 que tiveram uma redução salarial média de 2,89%.

A polémica estalou quando, na semana passada, o FMI veio defender uma descida dos salários dos trabalhadores em Espanha em 10%, em dois anos. Num relatório anual sobre a economia espanhola, o fundo sugere a celebração de um acordo entre sindicatos e empresários, para que os primeiros aceitem que os trabalhadores reduzam os seus salários, sob o compromisso de as empresas aproveitarem a poupança conseguida para baixar preços e promover a criação de postos de trabalho.

A leitura feita pelo El País, que se sustenta nos dados do ministério espanhol do Emprego, é a de que uma parte deste caminho já está percorrido – “pelo menos, no que toca aos salários”.

As alterações laborais introduzidas no ano passado, o primeiro da aplicação da reforma conduzida pelo actual Governo, deu maior poder de negociação às empresas, abrindo a porta a uma descida da variação salarial, refere ainda o El País. No conjunto de 2012, a progressão foi de 1,2%, menos 0,6% do que no ano anterior.