Governo diz que documento que envolve Pais Jorge nos swaps foi manipulado

Secretário de Estado do Tesouro continua no cargo.

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Pais Jorge (à direita) continua no centro da polémica Rui Gaudêncio

Ao fim de um dia inteiro de avaliação, o Ministério das Finanças afirmou nesta terça-feira à noite que o documento que tem sido noticiado por vários órgãos de comunicação social com propostas de contratos swap do Citigroup ao Governo em 2005, onde consta o nome de Joaquim Pais Jorge, actual secretário de Estado do Tesouro, foi afinal manipulado.

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Ao fim de um dia inteiro de avaliação, o Ministério das Finanças afirmou nesta terça-feira à noite que o documento que tem sido noticiado por vários órgãos de comunicação social com propostas de contratos swap do Citigroup ao Governo em 2005, onde consta o nome de Joaquim Pais Jorge, actual secretário de Estado do Tesouro, foi afinal manipulado.

Num comunicado às redacções, o Ministério das Finanças divulga o que diz ser o documento original da apresentação do Citigroup e compara-o com o documento que tinha sido tornado público. A principal diferença é que no primeiro não consta o nome do actual secretário de Estado do Tesouro e no segundo Joaquim Pais Jorge é identificado como um dos elementos da equipa que sugeriu ao Governo Sócrates, em 2005, uma operação de swap para reduzir o valor do défice público.

As Finanças dizem que ao documento foi retirada a numeração, ao mesmo tempo que era colocada na segunda página uma listagem da equipa do Citigroup encarregue da área das infra-estruturas - de que fazia parte Joaquim Pais Jorge -, mas que não é a mesma que faz propostas de swaps com dívida pública.

A SIC tinha revelado, na segunda-feira à noite, um documento de 2005 com propostas de contratos swap a adquirir pelo Estado português, onde consta o nome do actual secretário de Estado do Tesouro quando este era responsável do Citigroup. E afirmava ter havido três reuniões entre o Governo de José Sócrates e os responsáveis do Citigroup, entre eles Joaquim Pais Jorge, nas quais uma das matérias tratadas era precisamente a tentativa de venda de contratos swap.

Depois dessa notícia, o actual secretário de Estado do Tesouro confirmou àquela estação de televisão ter participado em reuniões em S. Bento com assessores do então primeiro-ministro, algo que não fizera na passada sexta-feira, no briefing do Governo, quando disse não se recordar. Mas insistiu no que então dissera: “As responsabilidades relativas à concepção, elaboração e negociação de produtos derivados não era e nunca foram da minha competência”.

A posição do Governo surge depois de o secretário de Estado adjunto do ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional, Pedro Lomba, ter dito de manhã que tinham sido “detectadas inconsistências problemáticas” quanto à ligação entre a apresentação dos contratos swap que vieram a público e a presença do actual governante. Para Pedro Lomba, o objectivo do Governo era “descobrir a verdade dos factos”.