Secretário de Estado foi demitido em directo
Joaquim Pais Jorge era responsável do Citigroup em Portugal, em 2005, altura em que o banco norte-americano terá tentado vender swaps ao Governo de José Sócrates com o objectivo de mascarar o défice e as contas públicas.
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Joaquim Pais Jorge era responsável do Citigroup em Portugal, em 2005, altura em que o banco norte-americano terá tentado vender swaps ao Governo de José Sócrates com o objectivo de mascarar o défice e as contas públicas.
O novo secretário de Estado do Tesouro meteu os pés pelas mãos no briefing da semana passada onde foi tentar explicar o que parece ser inexplicável: o seu papel na tentativa de venda dos ditos swaps. A comunicação, se é que se pode chamar àquilo comunicação, foi desastrosa. Joaquim Pais Jorge entrou lá fragilizado e de lá saiu num estado politicamente comatoso. Pedro Lomba, nesta terça-feira, ao dizer publicamente que desconfia da veracidade das declarações de Joaquim Pais Jorge, passou-lhe a certidão de óbito político.
Questionado sobre se esteve presente nas reuniões dos swaps, Joaquim Pais Jorge deu aquela resposta clássica que os advogados recomendam aos seus clientes para não se comprometerem em Tribunal, nem com a verdade, nem com a mentira: “não me lembro”.
Mas uma notícia da SIC ajudou a refrescar a memória de Pais Jorge. A estação de televisão teve acesso a uma proposta feita pelo Citigroup a assessores de José Sócrates, numa das tais reuniões em que Pais Jorge inicialmente tinha dito não ter estado presente.
Hoje, Pedro Lomba, secretário de Estado Adjunto do Ministro Adjunto, fala em “incongruências” e “inconsistências”, claramente a preparar o terreno para deixar cair o seu colega de Governo.
“Se vão investigar é porque acham que o Joaquim Pais Jorge mentiu?”, pergunta o jornalista. A resposta de Pedro Lomba foi um sorriso amarelo. Costuma-se dizer que para bom entendedor, meia palavra basta. Para Joaquim Pais Jorge acho que meio sorriso basta.
Ao dizer, em público, alto e bom som, que o Governo “quer tirar a limpo” as incongruências do secretário de Estado do Tesouro, Joaquim Pais Jorge perdeu todas as condições para continuar.
E já não fazia sentido continuar. Se Passos Coelho demitiu dois secretários de Estado - Juvenal Peneda e Braga Lino – porque terão comprado swaps tóxicos para as empresas públicas, agora não faz sentido, e não seria coerente, segurar o secretário de Estado que esteve do lado do vendedor.
Saindo Joaquim Pais Jorge, e se o Governo levar muito à letra esta moda de ser coerente, é a própria ministra das Finanças que pode ficar em xeque. E não é por acaso que esta manhã, vindo do nada, Pedro Lomba desatou a elogiar Maria Luís Albuquerque.
Se Pais Jorge tropeça e cai num swap, é menos um para amparar uma eventual queda da ministra das Finanças.