Governo averigua “inconsistências problemáticas” no caso Pais Jorge
Executivo refere incongruências entre informações escritas e reuniões sobre swaps em 2005. Mas não esclarece as “inconsistências” que alega existirem.
Em conferência de imprensa, em Lisboa, o Secretário de Estado Adjunto do Ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional, Pedro Lomba, garantiu que foram “detectadas inconsistências” quanto à ligação entre a apresentação que veio a público e a presença de Joaquim Pais Jorge. Mas recusou-se a dizer quais, remetendo a resposta para esclarecimentos a prestar “pelo Governo” até final do dia.
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Em conferência de imprensa, em Lisboa, o Secretário de Estado Adjunto do Ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional, Pedro Lomba, garantiu que foram “detectadas inconsistências” quanto à ligação entre a apresentação que veio a público e a presença de Joaquim Pais Jorge. Mas recusou-se a dizer quais, remetendo a resposta para esclarecimentos a prestar “pelo Governo” até final do dia.
Pedro Lomba garante apenas que foram “detectadas inconsistências problemáticas” nesta ligação, que estão a ser analisadas pelo Governo e que, adiantou, o primeiro-ministro está a acompanhar.
O governante não respondeu, porém, taxativamente quando foi questionado directamente sobre se a averiguação se refere à veracidade do documento. Não se cansou de repetir o que antes disse quanto às “dúvidas” do Governo. “Foram detectadas inconsistências relativamente à fundamentação de que existe uma ligação entre a apresentação veiculada e a presença do secretário de Estado”, disse.
Em causa está um documento de 2005, divulgado pela SIC, com propostas de contratos swap a adquirir pelo Estado português, onde consta o nome do actual Secretário de Estado do Tesouro quando este era responsável do Citigroup.
No entanto, Joaquim Pais Jorge negou na semana passada ter estado envolvido na negociação de qualquer proposta de contratos swap com o Governo socialista em 2005, mas veio agora reconhecer à SIC que participou, à data, em reuniões em S. Bento com assessores de José Sócrates.
Segundo a revista Visão, o executivo de Sócrates foi abordado naquele primeiro ano de mandato por Pais Jorge e Paulo Gray, ex-director executivo do Citi, para que o Estado adquirisse três contratos swap que permitiam baixar o rácio da dívida pública sobre o Produto Interno Bruto.
Confrontado com as alegadas contradições de Joaquim Pais Jorge (as declarações de sexta-feira e o que assumiu agora à SIC), o Secretário de Estado Pedro Lomba rejeitou falar em “desconfiança” na equipa das Finanças, considerando ser “deslocado” afirmá-lo quanto aos titulares de pastas daquele ministério. Isto no dia em que o PS, pela voz de João Ribeiro, veio considerar que a “credibilidade e a idoneidade políticas” da equipa liderada por Maria Luís Albuquerque está “no grau zero”.
Pedro Lomba referiu ainda que Pedro Passos Coelho está a par do dossier e que o executivo “vai fornecer a informação” ainda nesta terça-feira que permitirá “ajuizar sobre o que se passou”.