Leonor Teles fez uma curta para saber como seria crescer numa comunidade cigana
Jovem de 21 anos realizou uma curta com raparigas ciganas: Leonor queria saber como seria crescer numa comunidade. Rhoma Acans, de Leonor Teles, venceu o prémio Take One! nas Curtas de Vila do Conde
O pai de Leonor Teles é cigano; a mãe não. A jovem de 21 anos não cresceu numa comunidade cigana, mas sempre teve curiosidade pelas suas raízes e tradições, associadas à família paterna. “Sempre tive esta vontade de fazer um paralelismo entre a minha vida, que é relativamente comum, e a vida das jovens ciganas, que seguem a tradição e estão totalmente inseridas numa comunidade”, conta ao P3.
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O pai de Leonor Teles é cigano; a mãe não. A jovem de 21 anos não cresceu numa comunidade cigana, mas sempre teve curiosidade pelas suas raízes e tradições, associadas à família paterna. “Sempre tive esta vontade de fazer um paralelismo entre a minha vida, que é relativamente comum, e a vida das jovens ciganas, que seguem a tradição e estão totalmente inseridas numa comunidade”, conta ao P3.
Assim nasceu a ideia para Rhoma Acans, documentário que lhe valeu o prémio Take One! na edição 2013 das Curtas de Vila do Conde. Quando começou a pensar em seguir cinema, percebeu que o paralelismo entre a sua vida e as jovens que crescem no seio de uma comunidade cigana poderia “tomar a forma de um filme”.
Leonor, que nasceu em Vila Franca de Xira (onde ainda vive), estudou na Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC) da Amadora. No segundo ano da licenciatura filmou, junto com colegas, Rhoma Acans, no Casal dos Estanques, em Vialonga. “A partir da minha própria experiência queria tentar perceber a vida destas jovens. Queria ouvi-las, conhecer as suas motivações, os seus condicionamentos”, refere. “Durante o meu crescimento, tornou-se crucial esta procura identitária, foi principalmente isso que me motivou a fazer este filme.”
Joaquina vs. Leonor
As filmagens tiveram lugar em Maio de 2012, em apenas “três dias intensos”. “A comunidade cigana que filmámos aceitou a nossa presença de forma pacífica e até se mostraram entusiasmados”, sublinha Leonor. “Tentámos sempre fazer uma abordagem que fosse o mais respeitosa possível. As complicações que surgiram durante a rodagem prenderam-se com os objectivos que tínhamos para o documentário”, explica. Foi o caso das “entrevistas às raparigas ciganas, que se revelaram extremamente difíceis de realizar”.
“Rhoma Acans” começa por contar a história da família paterna de Leonor, até chegar ao pai da jovem realizadora, que casou com uma mulher fora da comunidade. A vida de Leonor foi diferente das das jovens que casam cedo nas famílias ciganas — e ela quis saber como poderia ter sido a sua via. Aqui entra Joaquina, uma rapariga de 15 anos que já passou por um casamento falhado e só quer ser modelo, para viajar e sair do meio da comunidade cigana.
Além do prémio nas Curtas, o documentário foi ainda distinguido com uma menção honrosa, no IndieLisboa (prémio Árvore da Vida), com o prémio de melhor curta-metragem escolar do Curtas Sadinas e o prémio “Património Imaterial” do concurso de vídeo da Fundação INATEL.
“Em todos os festivais em que participámos, a curta foi muito bem recebida. Normalmente, o único senão que apontam é a duração — sentem que o filme é curto, ficam com vontade de ver mais", diz (a curta tem cerca de 13 minutos). A 9 de Agosto, Rhoma Acans vai ser exibido na Casa da Cultura em Setúbal.
Leonor vai tentar continuar a realizar — ainda que seja a fotografia de cinema a área que mais a atrai — e a jogar futsal, a sua outra actividade.