Prótoiro entregou pedido de licença para tourada em Darque, Viana do Castelo
No mesmo dia e à mesma hora um grupo anti-touradas de Viana entregou ao presidente da Câmara um abaixo-assinado a pedir a aprovação do regulamento municipal de protecção de animais.
Os dois elementos da Prótoiro e um grupo, mais numeroso, defensores dos direitos dos animais cruzaram-se à porta da Câmara de Viana do Castelo. Mas não se reconheceram.
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Os dois elementos da Prótoiro e um grupo, mais numeroso, defensores dos direitos dos animais cruzaram-se à porta da Câmara de Viana do Castelo. Mas não se reconheceram.
O grupo “Viana anti-touradas”, cerca de dezena e meia de elementos, foi recebido pelo presidente da Câmara, a quem entregou um abaixo-assinado, com mais de 1.500 assinaturas recolhidas nos últimos 15 dias, a solicitar a aprovação, pela Assembleia Municipal, do Regulamento Municipal de Protecção de Animais.
O documento já aprovado pela autarquia socialista, a mesma em 2009 declarou Viana a primeira cidade antitouradas do país é, para o movimento criado nas redes sociais em 2012, “um mecanismo jurídico mais eficiente na promoção do bem-estar animal e na salvaguarda contra actos ou práticas sobre animais que não são compatíveis com o de desenvolvimento civilizacional o ou cultural dos povos que integram a União Europeia”.
Ana Macedo, porta – voz do grupo criado no Facebook na sequência da primeira investida da Prótoiro, em Agosto do ano passado, quando esta promoveu a primeira tourada em Viana - explicou que a entrega “simbólica” das assinaturas, que continuam a ser recolhidas, “ficou a dever-se a nova invasão da Prótoiro”.
“Temos estado em paz e sossego e sem necessidade nenhuma de ter touradas em Viana. Temos muita gente a vir visitar Viana não é preciso a tourada para trazer ninguém. Já chega. Queremos manter Viana uma cidade em paz sem estes senhores”, sustentou.
Ana Macedo adiantou que em último recurso, caso venha a ser autorizada a nova corrida de touros, o grupo irá promover nova manifestação, tal como o ano passado em que mais de uma centena de pessoas apoiadas por várias associações de defesa dos animais se manifestaram contra o espectáculo tauromáquico realizado na Areosa.
“Queríamos evitar porque não se ganha nada com isso. A manifestação acaba por ser só um desacordo presencial. Já sabemos qual é o resultado, acabamos sempre por ser acusados de violência porque as pessoas só olham para o nosso lado e, não olham para o que eles fazem”, adiantou Ana Macedo.
O presidente da Câmara manifestou-se satisfeito com o apoio à luta travada pelo município para manter Viana uma cidade antitouradas. “Isto representa o sentir da sociedade civil vianense de que de facto os touros não fazem parte da nossa cultura e não são bem-vindos”.
José Maria Costa reafirmou que esta nova tourada promovida pela Prótoiro “não deixa de ser uma provocação aos vianenses” e garantiu que o município “tudo irá fazer para ela não se realize em Viana” porque, como sublinhou, a autarquia “está a interpretar o sentir da maioria dos vianenses”.
Quanto à localização apontada no pedido de licenciamento da Prótoiro, um terreno em Darque, na margem esquerda do rio Lima, o autarca afirmou: “É uma matéria técnica. Vamos analisar e, em função dessa análise emitiremos o nosso parecer”.
Questionado pelos jornalistas se estaria em condições de garantir que não haverá tourada no próximo dia 18 de Agosto em Viana, José Maria Costa respondeu assim: Espero que o Estado de direito funcione em Portugal. Infelizmente não funcionou o ano passado mas continuo a creditar na justiça e nos tribunais”.
Já o presidente da Comissão Executiva da Prótoiro, Diogo Monteiro, afirmou que “é completamente impossível, de forma legal, indeferir este pedido de licenciamento da instalação de uma praça de toiros amovível. Este ano até escolhemos um terreno que tem licença de construção de prédios e moradias para que não haja qualquer tipo de estratagema menos claro da parte do presidente da câmara para tentar impedir esse licenciamento”.
O responsável da Federação Portuguesa das Associações Taurinas acusou o autarca socialista de se ter “valido de desculpas ambientais” para indeferir o espectáculo do ano passado e, garantiu que este ano a Prótoiro “não permitirá atropelos à liberdade e aos direitos dos vianenses”. “Se ele indeferir nos actuaremos em consonância”, sustentou.
Segundo a Prótoiro, a autarquia dispõe agora de três dias, (até ao final de quinta-feira) para dar resposta ao pedido, sendo que, se o não fizer dentro deste período, o pedido é automaticamente aceite. A Prótoiro adiantou que a Inspecção-Geral das Actividades Culturais já autorizou a realização da corrida e assegurou que o dossier entregue nos serviços camarários possui “toda a documentação” como a declarações dos bombeiros e da PSP, bem como da empresa responsável pela instalação de sanitários para assegurar todas as condições de higiene no local.