CMVM pede esclarecimentos ao Benfica por causa de Roberto

Transferência do guarda-redes espanhol para o Atlético de Madrid suscita dúvidas.

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Roberto ainda dá que falar Joana Freitas (arquivo)

O director de comunicação do Benfica, João Gabriel, confirmou ao PÚBLICO que foi recebido o pedido de esclarecimento da CMVM e ao qual a SAD já respondeu. O responsável benfiquista recusou adiantar o teor das explicações prestadas ao regulador do mercado.

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O director de comunicação do Benfica, João Gabriel, confirmou ao PÚBLICO que foi recebido o pedido de esclarecimento da CMVM e ao qual a SAD já respondeu. O responsável benfiquista recusou adiantar o teor das explicações prestadas ao regulador do mercado.

Em causa está o anúncio feito na passada sexta-feira pelo emblema madrileno, na sua página oficial na Internet, sobre a contratação de Roberto: “O Benfica e o Atlético de Madrid chegaram a acordo para a transferência do guarda-redes”, pode ler-se no comunicado dos colchoneros. Ora, de acordo com a informação prestada à CMVM em Agosto de 2011 pela SAD do Benfica, Roberto deixou nessa altura de estar ligado ao clube da Luz, quando foi comunicada ao mercado a sua venda ao Saragoça. “A transferência dos direitos desportivos do aludido atleta, bem como a totalidade dos direitos económicos àqueles inerentes, foi concluída pelo valor total de € 8.600.000 (oito milhões e seiscentos mil euros)”, explicou na altura o Benfica.

Na altura a transferência suscitou perplexidade, por variadas razões. Não só Roberto saiu do Benfica uma época depois de chegar, com uma valorização de 100 mil euros (algo que não condiz com as suas prestações desportivas), como foi comprado por um clube, o Saragoça, que se encontrava sob administração judicial e com dívidas que ultrapassavam os 100 milhões de euros. Entre os credores do Saragoça estavam os próprios jogadores, que exigiram esclarecimentos à direcção do clube. No comunicado em que oficializou a contratação de Roberto, o Saragoça revelava que o guarda-redes tinha assinado um contrato válido por cinco temporadas.

O Benfica viria a explicar que o Saragoça ficou os direitos desportivos do jogador a troco de 86 mil euros, enquanto os direitos económicos foram negociados com uma “sociedade de direito espanhol situada a um nível mais elevado da cadeia de domínio da Real Zaragoza SAD”, que pagou 8.514.000 (oito milhões quinhentos e catorze mil euros). Esta sociedade é a BE Plan, “entidade que adquiriu 100% dos direitos económicos do atleta Roberto que foi transferido para o Real Zaragoza”, como se pode ler no relatório e contas do Benfica para o exercício de 2011/2012, e na qual o presidente do Saragoça, Agapito Iglesias, tem uma participação.

Notícia actualizada às 20h26, acrescentando a reacção do Benfica