Mick Jagger faz hoje 70 anos. Let’s spend the day together

O rock é cada vez mais uma realidade para todas as idades. Perguntem a Jagger, Cohen, Caetano ou Dylan, todos eles septuagenários.

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Mas as razões para comemorar vão muito além disso. É que aos 70 anos o cantor continua com a voz intacta, e revela uma agilidade em palco notável, sendo sem dúvida o sustentáculo principal do grupo, apesar do protagonismo de Keith Richards.

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Mas as razões para comemorar vão muito além disso. É que aos 70 anos o cantor continua com a voz intacta, e revela uma agilidade em palco notável, sendo sem dúvida o sustentáculo principal do grupo, apesar do protagonismo de Keith Richards.

E mesmo sem novo álbum, os Rolling Stones parecem sedentos de palcos: “Não vejo porque é que não haverá um sexagésimo aniversário” do grupo, afirmou Keith Richards, que em Dezembro também se vai transformar em septuagenário. E não estão sós.

Muitos outros músicos da mesma geração que já ultrapassaram os 70 anos continuam bastante activos. O ano passado Bob Dylan (72 anos) e Leonard Cohen (78 anos) lançaram novos álbuns e andaram em digressão, enquanto Lou Reed (71 anos), John Cale (71 anos), Paul McCartney (71 anos), Aretha Franklyn (71 anos) ou o brasileiro Caetano Veloso (70 anos), que lançou o ano passado o excelente álbum Abraçaço, também não têm parado.

E existe ainda esse fenómeno recente chamado Sixto Rodriguez (71 anos), que no início dos anos 1970 lançou dois álbuns sem nenhuma repercussão – excepto na África do Sul – e que foi recuperado nos últimos tempos, graças ao documentário Searching For Sugarman (2012), andando agora na estrada.

Brian Wilson (71 anos) também não se pode queixar. O fundador dos Beach Boys está a viver uma espécie de novo apogeu, tendo o seu grupo publicado o ano passado um novo álbum de originais.

E o que dizer de pioneiros do rock como Little Richard (80 anos), Jerry Lee Lewis (78 anos) ou Chuck Berry (86 anos) que ainda dão concertos, com muitos netos, na assistência? Quando são músicos do jazz ou da clássica ninguém estranha. A estranheza decorre do facto do rock se ter afirmado com essa ideia de ser a música dos jovens, para os jovens, sobre o que é isso de ser jovem. Ouvimos essa lengalenga tantas vezes que já nem nos interrogamos se é assim. E a verdade é que essa narrativa já perdeu o sentido.

Nada de extraordinário, se pensarmos que o rock, a e a cultura associada, há muito que passaram os 50 anos. E naturalmente, os músicos e os consumidores, e as sucessivas gerações que foram crescendo com o fenómeno, também foram envelhecendo. O que não mudou - contra todos os factos – é essa ideia de que criar e consumir rock é uma forma de expressão própria da juventude.

Mas entre a mitologia e a realidade existe uma diferença enorme. E se existe grupo que o personifica são os Rolling Stones. Longe vão os tempos em que Mick Jagger afirmava que nunca cantaria (I can’t get no) Satisfaction aos 40 anos. Eram os tempos em que criar e consumir rock era afirmar uma certa ideia de rebeldia.

Hoje começa a ser pacífico que o rock é feito e consumido por pessoas das mais diversas idades, como o jazz ou a clássica. Há anos os netos de Mick Jagger ficariam embaraçados ao ver o avô gritar para milhares de pessoas Let’s spend the night together. Hoje limitar-se-ão a sorrir. E não esconderão o orgulho pelo avô.