Reitor da Universidade de Lisboa reclama "medidas urgentes" para ensino superior
António Cruz Serra tomou posse como reitor da nova universidade que resulta da fusão da Clássica com a Técnica.
No discurso que proferiu após ter sido empossado, na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, António Cruz Serra disse que "as universidades foram sujeitas, nos últimos anos, a importantíssimas restrições orçamentais e de autonomia, que põem em causa a sua sobrevivência".
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No discurso que proferiu após ter sido empossado, na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, António Cruz Serra disse que "as universidades foram sujeitas, nos últimos anos, a importantíssimas restrições orçamentais e de autonomia, que põem em causa a sua sobrevivência".
Aludindo "a cortes acumulados que, desde 2006, ascendem já a 50%", o novo reitor da UL advertiu o ministro da Educação e Ciência, presente na tomada de posse juntamente com outros membros do Governo, de que o ensino superior "não tem condições para suportar novos cortes orçamentais".
"As universidades deram provas abundantes de que são capazes de optimizar os orçamentos, de fazer boas opções, e que conseguem com isso reduzir a despesa", afirmou, acrescentando que "é imprescindível que as universidades não sejam tratadas como sujeitos ‘incrementadores’ de despesas, mas sim como angariadores de receita".
António Cruz Serra referiu-se à necessidade de alterar o Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior, em discussão pública, para que as universidades ganhem "mais autonomia administrativa e financeira".
Preconizou ainda que a resposta "às aspirações das universidades" poderá advir da introdução de "maior flexibilidade no regime de contratação pública".
A propósito da "regra do equilíbrio orçamental", António Cruz Serra considerou que as universidades devem ser dotadas de "uma estratégia plurianual", numa "visão de futuro".
O reitor agora empossado admitiu que "não estão fáceis os tempos em Portugal e na Europa", mas frisou que a UL, uma das maiores universidades da Península Ibérica, "deve assumir o seu importante papel na actual conjuntura nacional" e "propor estratégias e políticas públicas".
A presidente do Conselho Geral da UL, Leonor Beleza, também se referiu à "autonomia reforçada" e afirmou que a fusão da Clássica com a Técnica resulta "da reforma que não foi imposta por cima", em referência à tutela, mas que "foi trabalhada dentro das universidades". "Afinal, é de dentro da universidade que veio o ímpeto reformador", notou.
Na despedida como reitor da Clássica, António Sampaio da Nóvoa referiu que a fusão com a Técnica permitiu provar que "o impossível também é possível", e assinalou que "é preciso construir esta UL para o mundo".
Único candidato ao cargo, Cruz Serra foi eleito reitor da UL a 15 de Julho. A fusão entre as universidades Clássica e Técnica começou a ser estudada em Julho de 2011.